Uso excessivo do celular na infância pode afetar inteligência

Uso excessivo do celular na infância pode afetar inteligência

Estudo define como limite máximo duas horas diárias de lazer com tablets e celulares pelos pequenos

Publicado em 19/3/2020 - 00:00 Atualizado em 3/6/2020 - 11:44

Brasília (DF) – Mais conectadas aos celulares, tablets e a outros eletrônicos e menos inteiradas com as pessoas, crianças correm o risco de atrasarem o desenvolvimento de habilidades de linguagem e sociabilidade, alerta estudo realizado por pesquisadores canadenses. Os dados chamam a atenção dos pais quanto ao uso excessivo destes equipamentos pelos pequenos.

A pesquisa, que acompanhou cerca de 2,5 mil crianças de dois anos de idade, é a mais recente evidência no debate sobre quanto tempo de uso de telas é seguro para crianças.

No Canadá e nos Estados Unidos, especialistas dizem que as crianças não devem usar telas antes de completar 18 meses de idade. 

O estudo comparou o desempenho intelectual de 4,5 mil crianças dos Estados Unidos entre 8 e 11 anos com base nas recomendações dadas por um plano canadense chamado Movimento 24 horas: entre 9 e 11 horas de sono, pelo menos uma hora de exercício todos os dias e menos de duas horas de entretenimento com telas, ou que, para eles, seria uso excessivo.

As conclusões sugerem que quanto mais recomendações individuais meninos e meninas cumprirem, melhores serão suas habilidades. “Descobrimos que mais de duas horas de tempo recreativo com telas estão associadas a um pior desenvolvimento cognitivo em crianças”, concluem os pesquisadores da Universidade de Ottawa.

O risco das redes

Uma pesquisa realizada em 2015, pela empresa Officina Sophia, com brasileiros de 7 a 12 anos mostrou que a maior parte deles acessa a internet sem qualquer controle dos pais. Segundo o estudo, ao menos 62% das crianças nessa faixa etária usuárias de internet acessam uma rede social. Espontaneamente, mencionaram Facebook, WhatsApp, YouTube, Twitter e Snapchat. Nenhuma delas poderia usar nenhum desses serviços.

Um dos riscos aos menores nas redes sociais e aplicativos é o assédio, que têm ocorrido com frequência, e ainda são pouco os pais no Brasil que impõem regras de uso na internet para seus filhos. O estudo da consultoria paulistana Officina Sophia, ouviu mil crianças, entre 7 e 12 anos, que usam a internet, em diferentes capitais brasileiras, sempre acompanhadas de um maior de idade. Do total, 65% disseram não ter regras ou tempo determinado para acessar a internet.

O presidente da Frente Parlamentar Contra o Abuso e a Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, deputado federal Roberto Alves (Republicanos-SP), alerta sobre a importância da conscientização de que os aparelhos eletrônicos são instrumentos facilitadores e o problema não está com ele e, sim, com o mau uso que deste se pode fazer.

O republicano alerta que parte dos crimes de abuso sexual infantil começa a partir de contatos via redes sociais. Abusadores usam perfis falsos para se aproximarem de suas vítimas, geralmente crianças, em busca de fotos e vídeos sexuais. Em muitos casos, as vítimas são chantageadas pelos criminosos. E esses conteúdos vão parar nas redes de pornografia infantil na internet.

 “Não é exagero e nem invasão de privacidade. Os pais precisam saber o que os filhos veem nas redes sociais e, principalmente, com quem estão relacionando por meio dos chats”, afirmou.

Além disso, segundo Roberto Alves, a internet é um meio de comunicação fascinante, mas é igualmente importante utilizá-la de maneira saudável, para promover o aprendizado, estabelecer boas relações e se comunicar.

Qual a idade ideal para dar um celular de presente aos filhos?

Esta pergunta é recorrente entre os pais de crianças e adolescentes, que cada vez mais cedo estão conectados à internet e às redes sociais, conforme pesquisa realizada no Brasil em 2018. O levantamento foi feito com mais de dois mil pais e apontou que quase todos os que tinham filhos entre 10 e 12 anos já ouviram pedidos das crianças por um smartphone próprio. E 72% delas já conseguiram ter um aparelho só seu. Até mesmo entre crianças de 4 a 6 anos, 1/4 já tinha o próprio aparelho, apontava a pesquisa, chamada Panorama Mobile Time/Opinion Box.

A mesma pesquisa identificou que a metade dos pais estava insatisfeita, pois achavam que os filhos usavam mais o smartphone do que deveriam.

Outra pesquisa, a TIC Kids On-line, ouviu entre outubro de 2018 e março de 2019, três mil famílias brasileiras com filhos entre 9 e 17 anos a respeito de seus hábitos na internet. Dois terços disseram usar a internet para fazer trabalhos escolares.

Destes, 16% das crianças e jovens entrevistados disseram ter visto on-line formas de machucar a si mesmo; 14% tiveram contato com conteúdo que mostrava como cometer suicídio. Quase a metade viu alguém ser discriminado na internet nos últimos 12 meses. E 21% dos entrevistados disseram ter deixado de comer ou dormir por causa da internet.

Diretrizes da Associação Americana de Pediatras para o uso de mídias digitais

Faça seu plano familiar de uso da mídia digital, cada família tem seu estilo e valores;

Trate a mídia digital como trataria qualquer outro ambiente na vida de seu filho;

Estabeleça limites e incentive o tempo de brincadeiras;

Tente tutelar o tempo do uso de equipamentos com tela para que a criança não esteja sozinha;

Seja um bom modelo para seus filhos no uso de mídias digitais;

Reconheça o valor da comunicação face a face. O aprendizado funciona melhor com comunicação de duas vias;

Evite mídia digital para crianças menores de 18 a 24 meses que não seja o bate-papo por vídeo. Para crianças de 18 a 24 meses, assista com elas, porque elas aprendem assistindo e conversando com você;

Limite o tempo de uso da tela para crianças em idade pré-escolar, de dois a cinco anos, a apenas uma hora por dia de programação de alta qualidade;

Novamente, assistir o programa com a criança é melhor, pois elas aprendem quando são reensinadas no mundo real o que acabaram de aprender através de uma tela.

Texto e fotomontagem: Agência Republicana de Comunicação – ARCO

 

 

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