Tia Eron realiza Comissão Geral sobre obstáculos e luta da mulher negra

Convidados debatem formas de superar violência por meio de políticas públicas que fomentem educação e emprego

Publicado em 30/11/2021 - 17:26

Brasília (DF) – A desigualdade e a violência contra a mulher negra no Brasil foram tema da Comissão Geral realizada nesta terça-feira (30) a pedido da deputada federal Tia Eron (Republicanos-BA). Personalidades internacionalmente reconhecidas pela luta em favor dos direitos humanos, como o ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Benedito Gonçalves, o secretário nacional de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SNPIR), Paulo Roberto, a deputada americana Park Elizabeth Cannon, e a superintendente de Prevenção à Violência da Secretaria de Segurança Pública do Estado da Bahia, Major Denice Santiago, foram algumas das personalidades presentes. O evento também contou com a participação do jurista e professor da Universidade Federal da Bahia, Edvaldo Pereira de Brito, e de parlamentares de todas as legendas.

O ministro Benedito Gonçalves, do STJ, que também é presidente da Comissão de juristas negros da Câmara, adiantou o relatório do colegiado, que tem o objetivo de propor mudanças na legislação de combate ao racismo. “É bom ressaltar que a questão da mulher negra foi de eixo a eixo do relatório. A comissão fez um trabalho de mais de 440 páginas com propostas de mudanças de comportamento com foco na educação partindo da família. A violência é mais cruel porque ela começa na privacidade dos nossos lares”, afirmou.

Representando a Secretaria Nacional de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SNPIR), o secretário Paulo Roberto abordou as questões históricas de sexo e de raça que, para ele, são responsáveis pelos altos índices de agressão sofridas por essa parcela da população. “Temos um histórico que desaguou em 1350 feminicídios no ano passado. Mais de 63% desses casos foram mulheres negras. Lembrando que temos 365 dias no ano, o que daria uma morte a cada sete horas. Ser mulher negra no Brasil tem sido um desafio de duplo ataque, de um lado o machismo, e do outro o racismo”, argumentou.

Roberto observa que Estado e sociedade devem seguir em uma só direção independentemente da visão ideológica. “São as escolhas que fazemos hoje que vão ‘destruir’ esse tipo de situação. Digo destruir porque ninguém nasce racista, isso é uma construção social e, se foi construído, podemos destruir com atitudes como a que aqui devotamos nosso tempo”, disse.

A deputada americana Park Elizabeth Cannon, representante do estado da Geórgia, abordou a diversidade do país e o alto número de pessoas negras em oposição com a baixa representatividade na Assembleia estadual. “Eu represento o que está faltando na câmara da Geórgia, onde mulheres são dramaticamente sub representadas”. Segundo a deputada, 54% da população do estado é feminina e só 23% da casa legislativa é ocupada por mulheres.

Park Cannon acredita que, ao representar mulheres negras no Poder Legislativo de seu país, ela luta pela dignidade em todas as Américas. “Democracia inclusiva não é apenas um desejo da maioria, mas também é sobre dar voz a quem não tem voz. É compartilhar o poder para que cada pessoa seja ouvida e considerada no desenvolvimento de políticas públicas”.

Superintendente de Prevenção à Violência da Secretaria de Segurança Pública do Estado da Bahia, Major Denice Santiago atribuiu à falta de independência financeira grande responsabilidade nesse contexto de agressão. “Durante a pandemia, de acordo com o Fórum de Segurança Pública, a cada oito minutos, uma mulher sofria violência no país, sendo 52,9% mulheres negras. Um dos motivos estava calcado na autonomia porque nós estamos na base da pirâmide na perspectiva de salário, de educação e de empregabilidade do nosso estado”, argumentou.

Texto: Fernanda Cunha, com edição de Mônica Donato / Ascom – Liderança do Republicanos na Câmara
Foto: Douglas Gomes – Liderança do Republicanos na Câmara

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