CPI do Futebol: “Temos que extinguir, de uma vez por todas, qualquer tentativa de corrupção no esporte brasileiro”, diz Márcio Marinho

Comissão interroga pivô de esquema de manipulação de resultados de jogos

Publicado em 20/6/2023 - 18:22

Brasília (DF) – A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Manipulação no Futebol, ouviu, nesta terça-feira (20), o ex-jogador do Vila Nova (GO) Marcos Vinicius Alves Barreira, conhecido como Romário, convocado na condição de investigado. Os republicanos Márcio Marinho (BA) e Ricardo Ayres (TO) fizeram perguntas ao atleta, que foi banido do futebol pela Justiça Desportiva sob acusação de participar de esquema de corrupção entre jogadores e apostadores.

Marinho questionou se Marcus Vinicius havia feito denúncia à polícia e se o Sindicato dos Atletas Profissionais do Estado de Goiás tem prestado apoio na sua defesa. Para as duas perguntas, o jogador respondeu que não. “Cheguei a falar para o Hugo (Jorge Bravo), que é policial e presidente do clube Vila Nova. Ele não me pediu para registrar a ocorrência e uma semana depois rescindiu meu contrato”, afirmou.

A disparidade das penas aplicadas aos jogadores foi um dos principais temas da reunião. O jogador do Santos, Eduardo Bauermann, acusado de receber R$ 50 mil no esquema, foi suspenso por 12 jogos. Já o lateral esquerdo do Sport, Igor Cariús, foi o único atleta absolvido entre os oito indiciados. Por outro lado, a 1ª Comissão Disciplinar do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) decidiu banir o jogador Marcus Vinicius e aplicar uma multa de R$ 25 mil.

“Precisamos entender o porquê de o STJD atribuir dois pesos diferentes na apreciação e no julgamento desses atletas porque tudo isso faz crer que, quanto menos forte e importante o clube é, maior foi a pena aplicada. De maneira que se preservou interesses dos grandes times através dos seus atletas”, afirmou Ayres. Marcus Vinicius acredita que, por não ser um jogador tão conhecido de um time pouco popular, foi vítima de perseguição. “O jogador do Santos pegou 12 jogos e eu, como jogava no Vila, fui banido. É injusto. Eu vivo desde os 13 anos na [categoria de] base. Quando comecei minha carreira, sabia das casas de aposta, mas nunca tinha ouvido falar de jogador fazer pênalti ou tomar cartão vermelho [de propósito]”.

O deputado Márcio Marinho afirmou que os parlamentares membros da CPI têm sido inquiridos frequentemente sobre o resultado do relatório. “Os eleitores e cidadãos, principalmente aqueles que são apaixonados por futebol, querem saber se esta comissão vai terminar em pizza. Não estamos aqui para prejudicar times ou crucificar jogadores, mas queremos clareza. Essa CPI deve extinguir, de uma vez por todas, qualquer tentativa de corrupção no esporte brasileiro”, assegurou.

 

Saiba Mais

No dia 10 de maio, a Justiça do estado de Goiás aceitou denúncia contra 16 acusados de participação em um esquema de manipulação de resultados pela Operação Penalidade Máxima. O jogador Marcus Vinicius teria sido o pivô da denúncia.

Segundo o Ministério Público do estado, os jogadores recebiam propostas que variavam entre R$ 50 mil e R$ 100 mil para que cometessem faltas, levassem cartões amarelos, incluindo atuação para a derrota do próprio time.

De acordo com a investigação, Romário teria sido o primeiro jogador procurado pela quadrilha e recebeu, a princípio, R$ 10 mil, com a promessa de mais R$ 140 mil, para cometer um pênalti contra o Sport, na última rodada da Série B do ano passado, mas não foi escalado para o jogo. Diante disso, Romário passou a procurar outros atletas para participarem da fraude.

Texto: Fernanda Cunha com edição de Mônica Donato, Ascom – Liderança do Republicanos
Fotos: Douglas Gomes

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