Mercosul continua sendo instrumento importante para o continente, diz deputado

Para Celso Russomanno, presidente do Parlamento do Mercosul, no mundo globalizado, países precisam estar integrados em blocos para sobreviver

Publicado em 29/3/2021 - 09:52

Brasília (DF) – O presidente do Parlasul, deputado Celso Russomanno (Republicanos-SP), disse que continua sendo muito importante a criação e o fortalecimento de blocos econômicos como o Mercosul – formado por Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai e que completou 30 anos neste dia 26 de março.

“Hoje, para sobreviver neste mundo globalizado, um país precisa estar integrado em um bloco econômico. Quando a União Europeia, a Ásia ou o Nafta [integrado por EUA, México e Canadá] olham para o Mercosul, eles olham para quase 300 milhões de consumidores”.

Russomanno lembrou as conquistas do Mercosul, como o livre trânsito de mercadorias e de pessoas, o que aumentou o comércio interno em quase dez vezes, mas afirmou que é preciso promover uma maior participação da sociedade civil organizada nas reuniões do Parlasul, que tem sede no Uruguai, e é formado por parlamentares dos países-membros. Ele destacou que o parlamento tem aprovado o uso dos recursos do Fundo para a Convergência Estrutural do Mercosul no combate à pandemia de Covid-19.

Acordo com União Europeia

Em reunião realizada na Câmara na última quarta-feira (24), o presidente da Comissão de Relações Exteriores, deputado Aécio Neves (PSDB-MG), questionou o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, sobre o recente acordo Mercosul-União Europeia.

Aécio lembrou a importância do documento: “Estudo recente fala em um incremento de US$ 87 bilhões em 15 anos no PIB brasileiro, podendo chegar a US$ 125 bilhões se forem consideradas as reduções de barreiras não-tarifárias”. O parlamentar alertou, no entanto, que França, Holanda, Bélgica e Áustria ameaçam não ratificar o acordo, em virtude de políticas protecionistas desses país, mas também devido a questão ambiental, principalmente a Amazônia.

Ernesto Araújo respondeu que está negociando o acréscimo de condicionantes relativas ao meio ambiente e afirmou que o Brasil tem uma atitude pragmática em relação a qualquer acordo.

“O Mercosul recuperou o bom nome nas negociações internacionais. Hoje todos os países querem negociar com o bloco. Antes, o Brasil era visto como um poço de ideologia e foi deixado ao relento durante muito tempo. ”

No Mercosul, o Brasil, segundo Ernesto Araújo, quer negociar a possibilidade de o país fazer alguns acordos fora do bloco e de haver a revisão da Tarifa Externa Comum, que é a tarifa de importação praticada pelo Mercosul com outras nações. A flexibilização sofre resistência da Argentina.

Conflitos internos

Existem também, no entanto, questões relativas ao comércio dentro do bloco. Recentemente, o deputado Celso Maldaner (MDB-SC) disse em Plenário que empresários da cadeia produtiva do leite pediram ao governo que suspenda a importação do produto da Argentina e do Uruguai.

O parlamentar disse que os produtores desses países não têm as mesmas regras ambientais do Brasil, que teria um custo maior por causa disso.

“Por anos, os produtores brasileiros vêm se queixando de que a quantidade de leite importada do Uruguai é incompatível com o nível da produção daquele país. É possível que os uruguaios estejam adquirindo leite de outras economias, integrantes ou não do bloco, para em seguida revender ao Brasil”, acrescentou Maldaner.

Integrantes

O Mercosul tem como estados-parte Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. A Bolívia está em processo de adesão. Além disso, a Venezuela é um estado-parte que foi suspenso em 2017 por “ruptura da ordem democrática”. Outros países são estados-associados: Chile, Colômbia, Equador, Guiana, Peru e Suriname.

Texto: Agência Câmara de Notícias
Foto: Cleia Viana/Câmara dos Deputados

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