Em entrevista, Oliveira Filho detalha o resultado do PRB no Paraná

O entrevistado da semana é o presidente do PRB Paraná.

Publicado em 10/11/2014 - 00:00 Atualizado em 17/6/2020 - 14:46

Desta vez, entrevistamos o presidente regional do PRB no Paraná, Oliveira Filho.  Ele nos conta que as eleições de 2014 foi marcada por diversos eventos que afetaram o emocional do povo. Além disso, ele  comenta também sobre a onda de ataques contra os nordestinos após o resultado do 2º turno.  “Era um preconceito que estava incubado!”, comenta. Confira a entrevista na íntegra.

 

ENTREVISTA 

Agência PRB Nacional – Como foi a campanha eleitoral no Paraná?

Oliveira Filho – Esta foi uma eleição atípica aqui no Paraná, claro que nenhuma eleição é fácil, todas são difíceis, cada uma tem as suas particularidades. Mas, as eleições de 2014 foi carregada de eventos que acabaram fazendo uma grande marola nas eleições e, principalmente, no emocional do povo, sim, pois o voto está relacionado a emoção das pessoas. Um exemplo disso foi a morte de Eduardo Campos, o evento influenciou, e muito, nestas eleições, como também, a subida de Marina Silva.  E no Sul do país, aqui no Paraná, a maioria é muito tradicional e anti-petista, por exemplo. Podemos observar que Aécio Neves ganhou “de lavada” aqui no Sul porque existe uma indisposição com o PT e com a presidente Dilma. Este sentimento foi crescendo, principalmente entre os formadores de opinião daqui que conseguiram impregnar na sociedade de modo geral um sentimento de revolta, de mudança e isso acabou influenciando nos resultados.

 

Agência PRB Nacional – Mas de que forma o senhor avalia o desempenho do PRB Paraná?

Oliveira Filho – Fizemos uma campanha excelente, mas o resultado não foi o que esperávamos. Gostaríamos muito de ter contribuído para a bancada com um deputado federal, mas não foi possível. Em parte, foi uma soma de outros fatores. O PRB Paraná tomou a postura de seguir a postura da nacional, de seguir juntos. Nós entendemos que seria incoerente, embora os indicativos mostrassem que seria um caminho duro e difícil  ao lado do PT e com a reeleição da presidenta Dilma. Mas, olhando o PRB Nacional, nós entendemos que seria desproporcional, sem nexo, o PRB Nacional estar posicionado de uma forma e o PRB Paraná posicionado de outra. Então, nós preferimos ir na verticalização, embora o presidente Marcos Pereira tenha nos liberado para seguirmos o caminho que achássemos melhor.

 

Agência PRB Nacional – E como foi a tomada da decisão?

Oliveira Filho – Nós entendemos que pelo fato de termos um Ministério da Pesca não seria justo com a presidenta Dilma, que prestigiou o partido, nós seguirmos para outro lado. Quer dizer, nós temos um superintendente da Pesca no Paraná e, de repente, vamos para o outro lado. Isso não me pareceu justo. Infelizmente, pagamos o preço que foi a não eleição de um deputado federal, mas isso é uma baixa de batalha e não da guerra. A guerra foi vencida! Com certeza, o importante foi o partido ter crescido com uma votação de quase 9 milhões votos no Brasil. E aqui no Paraná temos trabalhado em várias frentes. O importante é que o partido cresça e ganhe espaço.

 

Agência PRB Nacional – E a bancada eleita para estadual?

Oliveira Filho – O nosso grande objetivo era aumentar a bancada estadual. O que nós buscávamos era um acréscimo, pois nós já tínhamos como deputado estadual o Edson Praczyk. Arrisquei lançar mais um estadual em Londrina, uma região muito pequena e antipetista roxa, fomos muito bem votados com 8 mil votos por lá.  Já a reeleição de Edson Praczyk era certa, era garantida, ele foi muito bem votado com 47.797 votos.

 

Agência PRB Nacional – E qual a estratégia daqui para frente?

Oliveira Filho – A primeira coisa que eu vou fazer é esperar a direção da Nacional. Vou esperar a reunião do presidente nacional Marcos Pereira com os presidentes regionais para ver primeiro se ele ainda vai querer que eu continue na presidência do PRB Paraná. Se a resposta for positiva, vamos discutir uma série de  posicionamentos e relacionamentos institucionais para, a partir daí, a gente traçar estratégias. Enfrentei muitas dificuldades quando assumi o partido, mas isso não cabe falar agora. E você sabe que uma reconstrução é mais difícil do que uma construção.  Muitas das vezes é preciso derrubar o que está feito para levantar de novo e, muitas vezes, não dá para derrubar, então você tem que remediar. Vamos aguardar.

 

Agência PRB Nacional –  O senhor entrou num embate contra o preconceito após o resultado do 2º turno…

Oliveira Filho – Sim… Esta foi uma eleição de amadurecimento: por um lado mostrou um preconceito incubado na sociedade aonde os nordestinos foram duramente criticados pelas redes sociais, principalmente aqui no Sul, como se os nordestinos fossem vagabundos e os sulistas trabalhadores, como se o povo do nordeste vivesse do Bolsa Família e eu entrei num embate mostrando que não! No Paraná, por exemplo, existem regiões tão pobres quanto as mais pobres regiões do Brasil. Aqui no Paraná existem mais de 460 mil famílias que também vivem do Bolsa Família, não é só no nordeste. Então, era um preconceito que estava incubado! E tenho lutado contra isso. Enfim, esta eleição foi muito importante para a democracia do Brasil. Houve uma chacoalhada em todo o país e, com certeza, em 2018 haverá uma alternância de poder. Tenho dito que nestas eleições de 2014 surgiu um partido que teve um desempenho sensacional, que foi o PRB. Ou seja, o PRB surge também como uma ponte de esperança como uma 3ª via nesta alternância de poder.

 

Agência PRB Nacional – E há projetos para 2016?

Oliveira Filho – Se eu continuar na presidência do partido, ou se outro presidente continuar, a previsão é de eleger 10 prefeitos, pois ainda não temos nenhum. E, no mínimo, triplicar a bancada de vereadores que é de 49. Mas, antes de mais nada, vamos fazer a limpeza do partido. Vamos expurgar os infiéis e aqueles que trabalharam contra o partido. Porque entendemos que quando alguém trabalha para uma outra coligação, ou para um candidato de outro partido, que isso é trabalhar contra o seu partido. Então, esses políticos, essas pessoas serão convidadas a deixarem o PRB. Uma vez o partido limpo, iremos atrás de lideranças sérias, de pessoas que tenham nosso perfil para compor as nossas fileiras e para disputar a eleição majoritária no maior número de municípios possível.

 

Agência PRB Nacional – E como foi a participação da militância?

Oliveira Filho – Nós temos bons militantes, mas no Paraná a participação deles ainda é muito embrionária. Quando eu assumi a presidência do partido em 1º de março de 2013, eu assumi com uma missão: eu tinha que fechar a chapa de deputado estadual e federal em menos de seis meses, faltando um ano e meio para as eleições! E há de convir que um partido não se constrói em seis meses, é preciso tempo. E, naquela época, eu estava como deputado federal, então, eu priorizei a legenda, a construção da chapa, embora eu não desprezasse a importância dos Movimentos.  Então, a militância é um assunto que fortaleceremos a partir de agora, pois eu tive pouquíssimo tempo para trabalhar. Nós já temos alguns nomes apontados para os Movimentos e para as Executivas Municipais, pois o objetivo é implantar o PRB nas 399 cidades do Paraná.

 

Agência PRB Nacional – E qual mensagem o senhor deixa para os leitores e eleitores do PRB?

Oliveira Filho – Primeiramente, eu parabenizo a duas pessoas que foram fundamentais nestas eleições: o nosso grande gladiador, guerreiro bandeirante, Marcelo Crivella. Ele é um político acima da média, ele está à frente do nosso tempo. Parabenizo também o modo executivo Marcos Pereira de conduzir o PRB. Esses dois homens foram fundamentais para montagem de toda a engenharia e engrenagem para que o  partido ganhasse a musculatura que hoje o PRB tem. Mas, existe também uma gama de heróis anônimos, que seria até injusto citar algum nome, os presidentes, os candidatos, aquele que fez menos votos, que também foi um valente; pessoas das cidades mais distantes, aonde teve um republicano levando o 10 na cidade grande ou pequena, no sul ou no norte, a todos esses valentes é que eu dedico a minha admiração. Agradeço a todos os soldados que entraram na história do anonimato, mas que serão pedras fundamentais na construção do PRB. Claro que nós temos os  nossos “pontas de lança”: Marcos Pereira, Marcelo Crivella e Eduardo Lopes, mas nós temos os nossos deputados federais, estaduais, tivemos também a grande ajuda de Celso Russomanno em São Paulo. Enfim, o meu agradecimento, em nome do PRB Paraná, a todos esses homens e mulheres republicanos que acreditaram no 10 e aqueles que, se não conseguiram multiplicar o voto,  depositaram seu voto no 10 nas urnas. Nós não conseguiríamos chegar aonde chegamos se não fosse por vocês. Meu muito obrigado!

Texto: Jamile Reis / Agência PRB Nacional
Foto: Douglas Gomes

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