O adeus ao mais nobre republicano

Admirado por muitos, Alencar cativou o povo brasileiro por sua simplicidade em fazer política

Publicado em 29/3/2011 - 00:00 Atualizado em 11/11/2020 - 11:07

Brasília (DF) – O ex-vice-presidente da República José Alencar morreu nesta terça-feira, 29 de março, por falência múltipla dos órgãos, no hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. Com 79 anos, Alencar sofria de câncer na região do abdômen há mais de 13 anos.

O deputado Vitor Paulo (PRB-RJ), presidente do PRB, disse que o republicano Alencar é um exemplo para todos da legenda, para os brasileiros e para os jovens que querem ingressar na política.

“José Alencar vai fazer muita falta para todos nós, pois sempre foi um exemplo de luta e de garra”, disse o deputado, que destacou o papel do ex-vice-presidente na defesa da queda dos juros e do desenvolvimento econômico.

jose-alencar-marcelo-crivella-prb-2010Alencar era presidente de honra do PRB. Como filiado atuante, participava das reuniões do Diretório Nacional e dos encontros regionais por todo o país. Em seus discursos, dizia com convicção que o PRB “vai crescer muito e crescer com qualidade”. Apesar de ser novo – hoje o PRB tem apenas seis anos de fundação – o republicano mineiro dizia ainda que o PRB é um partido que “tem um futuro brilhante, pois “o crescimento do PRB se faz com sentimento nacional, responsabilidade cívica e probidade no trato da coisa pública”.

Para o Partido Republicano Brasileiro, que hoje é formado por 275.887 filiados, José Alencar, seu mais nobre filiado, deixa o exemplo de um fiel soldado, que trabalhou com muito afinco e dedicação, seriedade e integridade, que lutou pelo crescimento do partido e, como homem público, “que não tem do que se envergonhar”, como ele próprio dizia.

Ex-vice-presidente José Alencar-prb. Foto28 - 1931-2011 - Arquivo-ABrTrajetória admirada por políticos e empresários

“Eu não tenho medo da morte, eu tenho medo da desonra, porque um homem público deve ter medo da desonra.” Assim o ex-vice-presidente José Alencar definia seus sentimentos ao falar do câncer que combatia, que o fez passar por 17 cirurgias e tratamentos dolorosos, mas que nunca lhe tirou a coragem, nem venceu sua esperança e seu bom-humor.

No final de 2010, enfraquecido, seu maior desejo era vir a Brasília, em janeiro deste ano, para participar da posse de Dilma Rousseff como presidente da República. Desistiu, atendendo aos médicos e a um pedido da mulher, Mariza Gomes da Silva. Assistiu à cerimônia pela televisão e, fiel ao protocolo, vestiu terno e gravata. Aos jornalistas, explicou que não iria à posse e disse que sua missão estava “cumprida”.

Vice-presidente de Luiz Inácio Lula da Silva durante oito anos, José Alencar Gomes da Silva nasceu em um povoado às margens da pequena cidade de Muriaé, em Minas Gerais, em 17 de outubro de 1931. Ele foi o 11º de 15 irmãos e começou a trabalhar muito cedo, aos 7 anos de idade, como vendedor na loja do pai. Aos 15 anos, foi trabalhar em Muriaé, onde conseguiu um emprego de balconista na loja de tecidos “A Sedutora”. O que ganhava, contou mais tarde, mal dava para pagar o aluguel do quarto onde morava.

Ex-vice-presidente José Alencar-prb. Foto3 - 1931-2011Comerciante aos 18 anos

Aos 18 anos, estabeleceu-se como comerciante, com a lojinha “A Queimadeira”, onde vendia de tudo: tecidos, calçados, chapéus, guarda-chuvas e sombrinhas. Depois foi viajante comercial, atacadista de cereais, dono de fábrica de macarrão, atacadista de tecidos e industrial do ramo de confecções.

Sucesso empresarial

Em 1967, em parceria com o empresário e então deputado Luiz de Paula Ferreira, da área de beneficiamento de algodão, fundou em Montes Claros a Companhia de Tecidos Norte de Minas – Coteminas, hoje um dos maiores grupos industriais têxteis do Brasil. A Coteminas tem 11 unidades industriais em quatro estados – Minas Gerais, Rio Grande do Norte, Paraíba e Santa Catarina – e uma na Argentina. As 12 fábricas produzem e distribuem fios, tecidos, malhas, camisetas, meias, toalhas de banho e de rosto, roupões e lençóis, vendidos no mercado interno, nos Estados Unidos, na Europa e em países do Mercosul.

O sucesso empresarial rendeu a Alencar influência no meio. Esteve à frente de várias entidades ligadas ao comércio e à indústria, sendo os cargos mais importantes o de presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Faemg) e vice-presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI).

jose-alencar-prbSucesso na política

A carreira política de José Alencar começou com a candidatura ao governo de Minas Gerais, em 1994, pelo PMDB. Não foi vitorioso, mas dois anos depois elegeu-se senador, ainda pelo PMDB, com quase três milhões de votos. Atualmente integrava o PRB, como seu presidente de honra.

O passo mais importante na carreira política, no entanto, ocorreu nas eleições presidenciais de 2002. Integrante do então PL (hoje PR), José Alencar foi vice na chapa vencedora do candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva. No início, foi uma voz discordante no governo quanto à política de juros conduzida pela equipe econômica. As críticas dirigiam-se principalmente às taxas de juros, que por diversas vezes classificou como “criminosas”.

A pedido de Lula, em 2004 passou a acumular os cargos de vice-presidente e de ministro da Defesa, cargo que ocupou até março de 2006. Também naquele ano, a chapa Lula-Alencar disputou e venceu mais uma vez as eleições, desta vez pelo PRB. O vice, mesmo doente, permaneceu no mandato até o final.

Texto: Helen Assumpção – Comunicação Nacional do PRB
Com informações da Agência Câmara
Foto: Douglas Gomes

 

Leia mais sobre José Alencar 

 

Eu repórter republicano

Quer ser um repórter republicano e ver sua matéria publicada no Portal PRB? É muito simples. A Agência PRB Nacional disponibiliza um contato direto para receber todo o conteúdo (textos e fotos). Anote aí o e-mail: pautas@prb10.org.br. Viu como é fácil? Agora é só participar e nos ajudar a manter esse canal sempre atualizado.

Reportar Erro
Send this to a friend