Batuque de Umbigada poderá ser inserido no Calendário Oficial de Piracicaba

Projeto do vereador Marcos Abdala (PRB) institui o Dia Municipal do Batuque de Umbigada em 24 de junho

Publicado em 4/8/2019 - 00:00 Atualizado em 29/6/2020 - 17:40

Piracicaba (SP) – Dança que assemelha o movimento do corpo com o axé e a capoeira, tendo como principal função festejar a fertilidade, o Batuque de Umbigada é uma manifestação em que junto à batucada há uma manifestação na qual um homem e uma mulher encostam seus umbigos como parte da coreografia.

A instituição do Dia Municipal do Batuque de Umbigada no Calendário Oficial de Eventos de Piracicaba (SP) é defendida pelo vereador Marcos Abdala (PRB), no Projeto de Lei nº 142/2019, em tramitação na Câmara desde o dia 2 de julho e que aguarda pareceres das comissões internas para vir a plenário nas próximas reuniões ordinárias, após o recesso parlamentar. A defesa do projeto é que a data seja comemorada anualmente no dia 24 de junho.

“Pode-se dizer que o Batuque de Umbigada transforma-se num símbolo muito além da sua resistência cultural, exerce a função construtiva de identidade e resistência negra. Em meio a ação opressora que reduz o batuque em objeto e sem qualquer grau de visibilidade na cidade, nota-se que na cultura popular há sempre uma figura fundamental, como a Família Soledade, que exerce um papel de protagonista na preservação e transmissão dos saberes e ensinamentos que organizam a vida social no âmbito dessa manifestação cultural popular. O batuque de umbigada, como a cultura africana em sua totalidade, procura conservar suas raízes culturais, reflete o espírito de um povo e sempre será um dos símbolos de sobrevivência em nosso país”, defende Marcos Abdala na justificativa do projeto.

Saiba mais

Dança originária da África, trazida ao Brasil pelos navios negreiros, na época da colonização e instalada na região do médio Tietê (Tietê, Porto Feliz, Laranjal, Pereiras, Capivari, Botucatu, Limeira, Piracicaba, Rio Claro, São Pedro, Itú, e Tatuí) é uma manifestação preservada na cidade e transmitida por gerações.

O elemento principal da coreografia é a “umbigada”, ou seja, quando o ventre da mulher bate à altura do ventre do homem. Os participantes dão passos laterais arrastados, depois levantam os braços, batendo palmas acima da cabeça, inclinam o corpo para trás e dão vigorosas batidas com os ventres. Esse gesto é repetido ao fim de todos os passos.

A espiritualidade é bem acentuada na dança. Dentro da cultura banto existe a visão de que o umbigo é a nossa primeira boca e o ventre materno a primeira casa. A umbigada celebra o momento único em que eles se tocam, é como uma ode, um agradecimento ao dom da concepção, uma ação rápida e mágica, materializada através da dança.

Na dança são utilizados os seguintes instrumentos: o tambú, uma espécie de tambor feito de tronco oco de árvore; o quinzengue, um tambor mais agudo que faz a marcação rítmica do tambú e nele se apoia; as matracas, que são os paus que batem no tambú do lado oposto do couro e os guaiás, chocalhos de metal em forma de cones ligados.

Todos os instrumentos que levam couro são afinados em uma fogueira, tornando mais mágico e característico o ritual. Em cada parte do Brasil o batuque recebe algumas variações tornando cada vez mais característico esse estilo que deu origem ao tão famoso samba.

Alguns grupos preservam essa tradicional dança fazendo festas e eventos para trazer o povo para essas demonstrações de cultura afrodescendente.

O Batuque de Umbigada tem uma espiritualidade muito grande. Assim como outras manifestações populares presentes na cultura brasileira é um exemplo vivo de que as festas populares e religiosas traduzem a cultura popular, a linguagem do povo, tudo que vem dele e de sua alma.

Texto e foto: Ascom – vereador Marcos Abdala
Edição: Agência PRB Nacional

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