Mulheres fortes do Brasil

Tia Ju fala sobre a personagem Maria Quitéria como referência de luta e persistência para as mulheres

Publicado em 2/2/2022 - 11:26

Olá, mulheres republicanas de todo o Brasil!

Este ano de 2022 a Independência do Brasil completa 200 anos. Neste bicentenário do 7 de Setembro, uma importância de personagens que não são explorados nos livros didáticos precisa começar a ser observada.

Uma destas personagem é Maria Quitéria de Jesus (1792-1853), que usou trajes de homem, era chamada ‘soldado Medeiros’, e participou das lutas independentistas em seu Estado, a Bahia, contra as tropas portuguesas resistentes às mudanças regimentais na política brasileira daquele período.

A primeira mulher a integrar as Forças Armadas, foi condecorada por D. Pedro 1º e, considerada uma heroína, começou a ser exaltada pelo Exército a partir da década de 1950 e seu rosto virou uma figura emblemática.

Maria Quitéria nasceu em São José das Itapororocas, antiga Freguesia de Nossa Senhora do Porto da Cachoeira, atual município de Feira de Santana. Seu pai era o lavrador Gonçalo Alves de Almeida, e a mãe era Quitéria Maria de Jesus.

A trajetória de Maria Quitéria está em biografias escritas na década de 1950, quando comemorações em torno de seu centenário se avolumaram. O livro de Pereira Reis Junior, de 1953, é um exemplo e também em registros de jornais da época e também da escritora britânica Maria Graham, que escreveu um livro sobre sua viagem ao Brasil entre 1821 e 1823, intitulado Journal of a Voyage to Brazil, de 1824.

Sua mãe teria falecido quando a filha ainda era criança, e seu pai casara-se uma porção de vezes nos anos seguintes.

Os livros contam que Maria Quitéria cresceu sendo criada por madrastas e pouco afeita aos trabalhos de casa, condição inerente às mulheres daquele período. A família queria que ela bordasse, mas ela se recusava. Maria Quitéria gostava de montar a cavalo, cavalgar. Também manejava armas de caça, como espingarda, algo fora dos padrões.

E quando soube da guerra tentou convencer seu pai a deixar que ela participasse, mas teve seu pedido prontamente recusado. Então, Quitéria foi à casa de uma das irmãs, Teresa, e pegou a roupa de seu cunhado, José Cordeiro de Medeiros, além de cortar os cabelos. Nascia, então, o “Soldado Medeiros”.

O major permitiu que Maria Quitéria continuasse no Batalhão, já que possuía habilidades destacáveis com armas de fogo. Ela tinha 30 anos na época. Em março de 1823, um registro de Portaria do Governo Provisório da Vila de Cachoeira mostra que o Major pediu ao Inspetor dos Fardamentos, Montarias e Misteres do Exército que enviasse “saiotes, e uma espada” para que ela fosse devidamente fardada como mulher.

Registros apontam a participação de Maria Quitéria em ao menos três combates. Enquanto a independência era gritada em São Paulo por D. Pedro 1º, os conflitos cresciam na Bahia. Maria Quitéria participou do primeiro deles em outubro de 1822, na região da Pituba. Depois, em fevereiro do ano seguinte, em Itapuã. Nesse período, ela foi promovida a 1º cadete.

Em abril de 1823, Maria Quitéria comandou um grupo de mulheres civis que se uniram para lutar contra os portugueses na Barra do Paraguaçu, no litoral do Recôncavo. A resistência vitoriosa foi fundamental para garantir não só a independência baiana, mas também para alçar a figura de Quitéria como heroína da pátria.

Com o fim da guerra, Maria Quitéria vai ao Rio de Janeiro em agosto de 1823 para ser recebida por D. Pedro 1º. Ela foi condecorada com a insígnia de Cavaleiro da Ordem Imperial do Cruzeiro, medalha criada como símbolo do poder imperial como forma de homenagear brasileiros ou estrangeiros que tenham lutado pela independência do país.

Maria Quitéria abriu um debate importante sobre representações.

Os relatos biográficos apontam que Maria Quitéria morreu sozinha, em sua cidade natal e em condições financeiras delicadas. Ela se casou e teve uma filha, cujo paradeiro é desconhecido.

Em 1996, o Exército homenageou Maria Quitéria como Patrono da corporação, ao lado de figuras como Duque de Caxias (1803-1880) e Marechal Rondon (1865-1958). Ela se tornou patrono do Quadro Complementar de Oficiais.

São exemplos como o dela que impulsionaram mulheres a lutar pela conquista dos seus espaços. Que em 2022, os ideais de luta, honra, patriotismo de Maria Quitéria seja exemplo para as nossas mulheres que vão disputar as eleições deste ano.

Um forte abraço!

Mensagem da secretária nacional do Mulheres Republicanas, deputada estadual tia Ju

 

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