Anuário de Segurança Pública e o aumento dos números da violência à mulher

Mensagem da Secretária Nacional do Mulheres Republicanas, deputada federal Rosangela Gomes

Publicado em 21/10/2020 - 08:58 Atualizado em 24/5/2021 - 12:06

Mesmo diante da correria da campanha eleitoral, voltamos a falar sobre um assunto que infelizmente não sai de moda, a violência contra a mulher. Na última segunda (19), foram divulgados os dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública. Nele mostra, o número de violência contra a mulher no primeiro semestre de 2020, com os efeitos da Covid-19 e os números não são muito animadores.

Com a pandemia, destaco na pesquisa, a queda nos números de boletins de ocorrência à violência doméstica. Entretanto, notou-se o agravamento dos casos, com a questão do isolamento social, que impôs às vítimas um tipo de convívio muito mais intenso e duradouro junto a seu agressor.

Segundo dados do anuário, no primeiro semestre de 2020, houve uma redução de 10,9% nos registros de lesão corporal dolosa, 16,8% nos de ameaças, 23,5% nos estupros de mulheres e 22,7% nos estupros de vulneráveis (meninas de até 14 anos ou vítima com enfermidade ou deficiência mental).

No mesmo período, em comparação com o primeiro semestre de 2019, observamos ainda um aumento de 0,8% nos homicídios dolosos de mulheres e 1,2% nos casos registrados como feminicídios. Ademais, as ligações para o 190 registradas por violência doméstica cresceram 3,9%. Foram 147.379 chamadas, 648 vítimas de feminicidio, 266.310 registros de lesão corporal decorrente de violencia domestica, 66.123 vítimas de estupro.

Observamos então, a queda nos registros dos crimes que dependiam da presença física da vítima nas delegacias, em especial os de estupro, que demandam também exame pericial. Se a violência contra a mulher foi acentuada na pandemia, e sabemos que foi, o registro de boa parte desses crimes não acompanhou essa tendência. Isso indica que existia sim dificuldades enfrentadas pelas mulheres para realizar a denúncia, não só pelo isolamento social, mas também pelo medo de ter que voltar para dentro de casa e passar grande parte do tempo ao lado do seu agressor.

Diante dessa triste realidade que algumas mulheres estão passando, ainda devido ao cenário da pandemia da Covid-19, a política de enfrentamento da violência contra a mulher e assistência precisa ser fortalecida e colocada em prática. Nós, como movimento de mulheres precisamos ter a sensibilidade de identificar, denunciar e trabalhar de forma mais massiva para desenvolver métodos para combater a violência à mulher. Compartilhar informações sobre o combate à violência contra a mulher, como realizar a denúncia também faz parte da nossa militância.

Vamos focar nas nossas eleições, mas sem perder a sororidade, afinal os números não podem continuar tão alarmantes como hoje estão.

Conto com sua ajuda e apoio para reverter esses dados para o próximo Anuário. Juntas somos mais fortes e unidas somos a mudança que o Brasil precisa.

Mensagem da Secretária Nacional do Mulheres Republicanas, deputada federal Rosangela Gomes
Foto: Douglas Gomes – Liderança do Republicanos na Câmara

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