Ato marcou o aniversário de 50 anos da arte marcial no Rio Grande do Sul
Publicado em 6/11/2019 - 00:00 Atualizado em 23/6/2020 - 23:24
Porto Alegre (RS) – O aniversário de 50 anos da Capoeira no Rio Grande do Sul foi motivo de homenagem realizada pela Comissão de Cidadania e Direitos Humanos (CCDH) da Assembleia Legislativa gaúcha, que reconheceu, na segunda-feira (4), a trajetória de 30 professores e mestres responsáveis por construir a história dessa arte nos municípios gaúchos.
O ato proposto pelo presidente da CCDH, deputado Sergio Peres (Republicanos-RS), foi prestigiado pelo secretário de Estado do Esporte e Lazer, João Derly (Republicanos-RS), autoridades, familiares e comunidade capoeirista, integrando a programação do Mês da Consciência Negra de 2019 da Assembleia Legislativa.
A nominata de agraciados foi elaborada pela Federação Gaúcha de Artes Marciais Mistas (FEGAMM) e também contou com a indicação de alguns parlamentares membros da CCDH. Foram considerados critérios de representatividade, antiguidade, trajetória na prática da capoeira e, em especial, as contribuições para o seu crescimento, para o combate à marginalização da capoeira, para a promoção da cidadania, da cultura, da educação e da inclusão social no Estado, inclusive a divulgação da capoeira no Brasil e no exterior.
Da criminalização a patrimônio da humanidade
Ao abrir a solenidade, Sergio Peres, classificou a capoeira como símbolo da liberdade e da miscigenação do povo brasileiro. Destacou avanços históricos da arte marcial, que já foi considerada crime até 1932, ano em que o então presidente da República, Getúlio Vargas, liberou manifestações populares que estavam proibidas, entre elas, a capoeira. Em 1936, foi extinto o decreto que criminalizava a sua prática, reconhecendo a capoeira como esporte nacional.
Há cinco anos, a capoeira foi declarada patrimônio imaterial da humanidade pela Unesco, por representar a luta e resistência dos negros brasileiros contra a escravidão. “Hoje, os gritos por liberdade ainda podem ser ouvidos na roda de capoeira. Esse círculo que tão bem representa o ideal de sociedade que nós sonhamos: de união de forças, de igualdade, de alegria, de respeito mútuo, de olhar o outro como parte de nós mesmos”, avaliou.
Homenageados
Dois precursores do ensino da capoeira receberam menção especial na homenagem feita pela CCDH: Manoel Olímpio de Souza, o Grão-mestre Índio da Bahia, do Grupo Oxóssi, e Paulo Cavalcante de Oliveira, o Mestre Paulinho, do Grupo Muzenza. Na década de 1970, eles trouxeram para o Rio Grande do Sul estilos de jogo até hoje praticados em escolas, academias e centros culturais.
“Professores e mestres são guardiões de uma história e de uma tradição; são símbolos de uma luta pela liberdade do corpo e do espírito. É uma luta que nós não queremos que termine, pois sabemos que o sonho de liberdade de um povo escravizado ainda não foi concretizado. A escravidão tem muitas faces, e ela ainda está escrita no DNA da nossa sociedade”, apontou Sergio Peres.
Em caráter in memorian, a CCDH reconheceu, também, o legado de Edson Cerqueira Frias (Mestre Cerqueira) e de Ananilson de Souza (Mestre Monsueto).
Texto: Karine Bertani/Ascom Republicanos RS
Foto: Sâmella Moreira
Edição: Agência Republicana de Comunicação (ARCO)