“Jeitinho brasileiro” não é cultura. É nocivo!

Nélio Georgini fala sobre a necessidade de se mudar a cultura da vantagem a todo custo no Brasil

Publicado em 29/2/2016 - 00:00 Atualizado em 5/6/2020 - 14:42

Há tempos, venho percebendo o esforço, de certa forma alcançado, das áreas de ensino/pesquisa implementarem conceitos relacionais/interpretativistas para tudo. Primeiro, preciso deixar claro que não sou contra o processo de interpretação. Muito pelo contrário, lidar com o ser humano pressupõe interpretar sempre. Mas, há de se ter limites. E, estes limites são as regras necessárias para o bom viver das individualidades com o coletivo. Ou seja, há o certo e o errado sim, principalmente, no que concerne o direito de escolha e a violência.

Durante esta última década, há um esforço em todas as esferas sociais para que nos afastemos dos impedimentos da ditadura. Por conta disso, várias ações foram sendo tomadas para mostrar que no Brasil somos livres e democráticos. Qual foi o resultado disso? Foi bom? O povo está satisfeito?

As manchetes dos jornais, números de pesquisas, pelo visto mostram só dados terríveis. Que democracia é essa que pessoas são mortas a todo momento? Que democracia é essa que há gente sendo paga com dinheiro público para pensar em prol de bandidos? Que liberdade é essa que nos prende dentro de casa? Que liberdade é essa que impõe guerra entre grupos (pobres x ricos, negros x brancos, etc)?

Essas são questões que foram sendo trazidas “maquiadas” dos discursos politicamente corretos e com o “jeitinho brasileiro” foram sendo impostas a todos. Tudo foi “trocando de roupa”… A ordem foi sendo subvertida. As regras foram sendo quebradas e “a banana começou a comer o macaco”. Tudo com a desculpa de ser a “cultura do brasileiro” e “ética do brasileiro”.

E o que restou? Um povo doente “da sua cultura”. Somos um país fechado e de visão turva. Alinhados com tudo o que todos do mundo acham errado como Venezuela e outros países da América Latina, além do Irã. A que ponto chegamos! Estamos quebrados e alinhados a países odiados do mundo! É “o abraço do afogado”. Alguém já se perguntou quem é o “burro” da história?

No dia a dia ficou insuportável a convivência. De dez pessoas que você conversa, dez falam claramente de tirar vantagem, passar a perna em alguém. A “cultura” do vale tudo se implementou. Todos querem fazer concurso público para ganhar salários astronômicos, ou até mesmo baixo. O que vale é ganhar e trabalhar pouco ou “entrar” e lá dentro dá-se um “jeito’!! As pessoas pensam: “todo mundo dá seu jeito (ganha uma graninha por fora) porque eu não…”. É triste porque quem pensa diferente recebe o rótulo de derrotado ou invejoso.

Democracia pressupõe maioria e se esta ideologia do relacionismo e “jeitinho’ é que ‘reina’ significa que nosso povo é quem escolheu a derrota, a quebradeira, e novamente o buraco que nos enterramos. É o Estado trabalhando contra o cidadão. É o cidadão que não se encaixa neste modelo corrupto pagando a conta.

Por outro lado, isso significa que finalmente experimentamos por mais de uma década esse pensamento socialista. Experimentamos e, tenho certeza, que aprenderemos a lição. Porque o castigo é duro! Mas, amadurece!!! Seremos uma pátria mais sólida e entenderemos que o que é ruim é ruim sempre. Nosso “jeitinho brasileiro” é nocivo e precisa ser definitivamente enterrado com essa ideologia relacionista.


*Nélio Georgini é coordenador estadual do PRB Educação Rio de Janeiro

Reportar Erro
Send this to a friend