Foi publicado no Diário Oficial desta quinta-feira (9) decreto que garante prioridade ao atendimento em unidades de saúde às mulheres vítimas de agressão e abuso sexual
Publicado em 9/3/2017 - 00:00
Rio de Janeiro (RJ) – Atualmente, 44% de todos os trabalhadores brasileiros são mulheres. Mas, quando se fala em nível hierárquico, essa participação cai. De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), as mulheres assumem apenas 37% dos cargos de direção e gerência. Para diminuir a desigualdade de gênero, a Secretaria Municipal de Assistência Social e Direitos Humanos (SMASDH) vai investir em programas de capacitação profissional, buscando novos parceiros e cobrando das empresas maior participação feminina em seus quadros, incluindo cargos de chefia. Além disso, está em fase de estudos a criação do aplicativo “Canal Mulher”, voltado a atender as mulheres que sofrerem qualquer tipo de abuso. Essa foi uma das novidades anunciadas, nesta quarta-feira (8), durante evento comemorativo ao Dia Internacional da Mulher, no Centro Administrativo São Sebastião (CASS), na Cidade Nova. Também foi publicado, no Diário Oficial desta quinta-feira (9), decreto que garante prioridade ao atendimento em unidades de saúde às mulheres vítimas de agressão e abuso sexual.
“Convivemos há anos com desigualdades e injustiças seculares contra as mulheres, pessoas forjadas em lutas e conquistas extraordinárias. Devemos nos redimir de episódios passados que ainda nos envergonham. O decreto dá prioridade àquelas que foram feridas em sua alma. Pessoas que precisam receber o apoio que lhes faltou. Vamos trabalhar pelas mulheres de nossa cidade. Queremos fazer com que as políticas públicas possam privilegiar o combate a todo o tipo de violência contra a mulher e a garantia de seus direitos”, disse o prefeito Marcelo Crivella (PRB), que participou do evento ao lado da primeira-dama Sylvia Jane Hodge Crivella, uma das homenageadas na cerimônia.
Por meio do aplicativo “Canal Mulher” será possível fazer denúncias e buscar auxílio em caso de violência. As vítimas serão direcionadas a atendimento imediato no Centro Especializado de Atendimento à Mulher (Ceam) Chiquinha Gonzaga, no Centro, órgão da prefeitura que oferece atendimento social, psicológico e orientação jurídica. A ideia surgiu durante o carnaval, que registrou um aumento considerável do número de mulheres vítimas de violência.
“Vivemos uma realidade cruel, onde o feminicídio ainda existe com força nesta cidade. Os índices de violência doméstica são altíssimos. Outro fato grave é que, neste carnaval, a cada três minutos uma mulher sofreu algum tipo de violência. Estamos desenvolvendo uma ferramenta que dará à mulher o benefício de buscar o apoio que necessitam de maneira segura. É um aplicativo voltado àquelas que, por medo ou dependência econômica em relação ao homem, não denunciam. Se for o caso de ameaça de morte, ela será encaminhada a uma de nossas casas, cujos endereços são sigilosos. Nesses locais, elas estarão livres de qualquer risco”, disse a secretária municipal de Assistência Social e Direitos Humanos, Teresa Bergher.
A solenidade também marcou a apresentação da subsecretária de Políticas para as Mulheres, Comba Marques Porto, que se colocou à disposição para o desenvolvimento de projetos em prol da cidadania das mulheres. “Darei o que posso na construção de um trabalho em prol da cidadania das mulheres, em busca de sua cidadania e dos seus direitos. Estarei sempre aberta para o diálogo, de forma a abrir portas e janelas para o desenvolvimento de todos os projetos possíveis. Precisamos nos unir e lutar pelos nossos direitos”, apontou.
Outra homenageada na cerimônia foi a inspetora-geral da Guarda Municipal do Rio (GM-Rio), Tatiana Mendes. Primeira mulher e funcionária de carreira a comandar a corporação, Tatiana falou sobre os desafios do comando feminino na GM-Rio. “Quanto maior o cargo, maior a responsabilidade. Como mulher, me sinto preparada. Sei que desafios já estão surgindo, mas não é nada que não possamos vencer. O exemplo da minha história falará mais forte no meu comando. Meu papel como mulher faz com que a exigência seja redobrada, mas sabemos que, com iniciativa, ousadia, coragem e disposição, a gente vai conseguir trabalhar para que nossa população se sinta querida, prestigiada, amada e segura”, disse.
Com 23 anos de serviços prestados à cidade, Tatiana fez parte do primeiro grupo de mulheres a ingressar na instituição em 1994, e foi pioneira nas funções de comando, chegando ao posto mais alto da carreira como inspetora regional.
Além da inspetora, outras mulheres também foram homenageadas durante a cerimônia, como a subsecretária de Esportes e Lazer, Patrícia Amorim, e a chefe de gabinete do prefeito, Margarett Cabral.
A programação no CASS contou com diversas tendas, informativas sobre os direitos da mulher e de oficinas temáticas, como de manicure e pedicure, corte e cabelo e de turbanteiras (criadoras de turbantes para os cabelos). Nas oficinas, além de orientações, os profissionais atenderam, de forma voluntária, dezenas de mulheres interessadas em ficar bonitas para comemorar o seu dia.
Ex-aluna dos cursos de designer de sobrancelhas e de maquiadora da Casa da Mulher Carioca Dinah Coutinho, em Realengo, pertencente à prefeitura, Karen Cristina Macedo de Moura, de 22 anos, disse estar orgulhosa por participar de um evento tão significativo. “Quero enaltecer a beleza das mulheres, especialmente aquelas que não tiveram a oportunidade de se descobrirem belas, que, por alguma razão, precisaram esconder sua beleza. Eventos como esse são fundamentais para despertar a autoestima delas. Para mim, é um grande orgulho poder participar”, argumentou.
Integrante do projeto “Rap da Saúde”, da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), que também marcou presença no evento, a jovem Vitória de Araújo, de 18 anos, estava feliz por ter a oportunidade de mudar seu penteado. Para ela, toda iniciativa voltada a valorizar a mulher é válida. “Que aconteçam outros eventos como esse, não apenas em datas especiais. Até porque o nosso dia é todo dia. Nossa luta é diária”, afirmou.
Atualmente, a prefeitura disponibiliza quatro casas de apoio à mulher. A Casa Viva Mulher Cora Coralina tem endereço sigiloso para garantir a segurança das mulheres e de seus filhos. O espaço abriga, atualmente, 16 mulheres e 19 menores.
A Casa da Mulher Carioca Tia Doca, em Madureira, e a Casa da Mulher Carioca Dinah Coutinho, em Realengo, são espaços de capacitação, interação e cidadania, que visam à inserção da mulher na vida social e no mercado de trabalho.
Com participação da Banda da Guarda Municipal, a cerimônia reuniu representantes de outros órgãos da prefeitura, como o secretário municipal de Saúde, Carlos Eduardo Mattos, e secretário municipal de Conservação e Meio Ambiente, Rubens Teixeira, entre outros convidados.
Texto: Flávia David / Ascom – Prefeitura do Rio de Janeiro
Fotos: Edvaldo Reis e Ricardo Cassiano
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