Com recorde de público, Prêmio Maria Felipa chega à 10ª edição

Cerca de 600 pessoas prestigiaram a entrega do prêmio, coordenado atualmente pela vereadora Ireuda Silva (PRB)

Publicado em 30/7/2019 - 00:00 Atualizado em 1/7/2020 - 09:48

Salvador (BA) – Aconteceu na noite de quinta-feira (25), no Centro de Cultura da Câmara Municipal de Salvador (CMS), mais uma edição do Prêmio Maria Felipa, coordenado atualmente pela presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher e vice-presidente da Comissão de Reparação, vereadora Ireuda Silva (PRB).

Criado há 10 anos pela então vereadora Vânia Galvão, a honraria também já esteve a cargo da ex-vereadora e ex-deputada federal Tia Eron (PRB-BA). O objetivo é reconhecer a atuação de mulheres negras em prol da autoafirmação, da luta por espaços e contra a discriminação racial.

Chamou a atenção nesta edição de 10 anos a mudança de formato da cerimônia, que se tornou mais dinâmica e interativa. Nos anos anteriores, o evento foi realizado no plenário da Casa. “O protagonismo era daquelas mulheres guerreiras que estavam sendo homenageadas e isso foi ainda mais ressaltado nesta última edição. Esperamos que no ano que vem não seja diferente”, diz Ireuda Silva.

Também foi significativo o recorde de público: foram cerca de 600 pessoas, divididas entre a área principal e o auditório do Centro de Cultura. Emocionada, a republicana reiterou diversas vezes a honra que sentia por ser a anfitriã do prêmio pelo terceiro ano seguido. “São mulheres que empunharam suas espadas, lutaram e não precisaram botar fogo em embarcações, mas precisaram tocar fogo em si mesmas, para sentir ardor e entender que ela precisava ir avante para chegar aqui com a vitória na mão. É uma honra homenagear vocês, Marias Felipas do século 21”, disse Ireuda. “Todas elas têm a nossa trajetória. É uma cicatriz coletiva”, completou.

Com biografias ricas, lidas durante o evento, cada uma das 24 homenageadas discursou sobre suas respectivas trajetórias, ressaltando a importância de enfrentar os obstáculos impostos pelo machismo e pelo racismo institucional, o que dificulta a conquista de espaço e voz pelas mulheres – sobretudo as negras – na sociedade. Foram premiados nomes como Maria Angela, diretora da Netflix Brasil; a atriz e produtora Maria Gal; Cristiane Brito, da Guarda Municipal de Salvador; e Rita Brito, coordenadora do movimento Novas Felipas (a lista completa está no final do texto).

“Este prêmio é sinônimo de uma iniciativa muito importante da Câmara de Salvador, porque joga luz sobre Maria Felipa, dando o reconhecimento que ela merece”, observou Maria Ângela de Jesus, diretora de produções originais brasileiras da Netflix.

Última a subir ao palco, a atriz Marial Gal encerrou com um discurso que traduziu a essência do prêmio, ao falar sobre o machismo e o racismo estrutural, citando a escritora caribenha Audre Lorde. O vice-prefeito de Salvador, Bruno Reis, prestigiou o evento. Ele destacou a importância da premiação. “Que este prêmio sirva para estimular outras mulheres negras”, frisou.

A cerimônia contou com apresentação da cantora Nina Conceição, que interpretou “Maria, Maria”. Estiveram presentes também a vereadora licenciada e secretária municipal de Políticas para as Mulheres, Rogéria Santos; a secretária municipal de Reparação, Ivete Sacramento; a desembargadora Nágila Brito; a vereadora Marta Rodrigues (PT); o vereador Isnard Araújo (PHS); e o deputado estadual Jurailton Santos (PRB-BA). Ludmila Singa foi a mestre de cerimônia.

Maria Felipa de Oliveira foi uma marisqueira e pescadora que viveu na Ilha de Itaparica e, assim como Joana Angélica e Maria Quitéria, lutou pela Independência da Bahia. Comandou um grupo de mais de 200 pessoas, em 1823, em reação ao ataque das tropas portuguesas. Ireuda prometeu lutar para que um monumento de Maria Felipa seja instalado na cidade.

Homenageadas em 2019

Mary de Aguiar – primeira juíza negra do Brasil
Maria Ângela de Jesus – diretora da Netflix Brasil
Marlylda Barbuda – prefeita de Itaparica
Emília Machado – líder comunitária
Maria Gal – atriz e produtora
Naira Gomes – coordenadora da “Marcha do Empoderamento Crespo”
Laura Tita – vereadora de Nazaré
Ana Lúcia Alves – pastora da Igreja do Evangelho Quadrangular
Roseni Barbosa – vereadora de Rosário do Catete (SE)
Tarsilla Alvarindo – jornalista
Joyce Lima – vereadora de Madre de Deus
Cristiane Brito – Guarda Municipal de Salvador
Edeilza Santos – assessora parlamentar
Genivaldete Santos – presidente do Ivecan
Maria do Amparo – primeira mestre de obras da Bahia
Fabiana Campos – garota-propaganda da campanha “Meu corpo não é sua fantasia”
Mara Orge – empresária
Sheila Barbosa – capitã da PM e comandante da BCS/Santa Cruz
Fátima Barbosa – gestora de serviços urbanos
Deborah Medeiros – capitã de fragata da Marinha
Rita Brito – coordenadora do movimento Novas Felipas
Vera Guimarães – gestora do Lar Pérolas de Cristo
Arlinda Paranhos Leite – advogada
Cynthia Paixão – Deusa do Ébano de 2014

Texto e fotos: Ascom – vereadora Ireuda Silva
Edição: Agência PRB Nacional

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