A vereadora afirma que modelo sofreu crime de racismo após discurso de empoderamento de mulheres negras
Publicado em 30/5/2021 - 08:00
Salvador (BA) – Na reta final do mês do aniversário da Lei Áurea, a presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher e vice-presidente da Comissão de Reparação, vereadora Ireuda Silva (Republicanos), avalia que o “racismo nosso de cada dia” menospreza e apaga o valor das conquistas e as capacidades das pessoas negras. Na semana passada, a modelo Thásilla Brandão, foi desclassificada do Miss Teen Earth, em Salvador, depois de fazer um discurso sobre o empoderamento das mulheres negras, o que causou revolta à vereadora.
A republicana destacou que para a sociedade, negros não podem progredir, nem incentivar outros. “Se acontecer uma pequena evolução, é para ser despercebida. No mercado de trabalho, na área acadêmica e na vida como um todo, somos cobrados diariamente a provar nossa capacidade. Somos praticamente obrigados a mostrar que nosso valor não é menor devido à cor da nossa pele. Esse sistema é de uma desumanidade sem fim”, acrescenta Ireuda.
Thásilla Brandão, 18 anos, era uma das favoritas para ganhar o Miss Teen Earth, concurso de beleza internacional que tem como público-alvo adolescentes, em Salvador (BA), mas foi eliminada depois de fazer um discurso dirigido às meninas negras. A modelo disse que sonha em ver jovens negras alcançando seus objetivos. Um dos organizadores confirmou que as palavras prejudicaram a jovem no evento e afirmou que, na condição de miss, ela deveria “defender todas as raças”. “Eu falei que quero influenciar outras meninas negras a não desistirem do seu sonho e que esse é o meu sonho”, contou Thásilla. A jovem acabou ficando em terceiro lugar.
Durante a pandemia, pretos e pardos tiveram uma perda de 21,8% e 21,4%, respectivamente, sem suas rendas. Os brancos sofreram perda menor, de 20,1%. Atualmente, os negros representam 75% dos mais pobres no Brasil, já a taxa de homicídios entre negros de 15 a 29 anos chega a 98,5 por 100 mil pessoas. Entre os brancos, 34 por 100 mil. Entre homens pretos e pardos, o número ultrapassa todos os precedentes e vai a 185 por 100 mil.
Texto: Ascom Ireuda Silva
Foto: cedida