Violência política tem crescimento significativo nas eleições 2024

Observatório Nacional de Combate à Violência Política Contra a Mulher revela a primeira atuação do órgão em uma eleição e relata de casos no partido

Publicado em 29/10/2024 - 16:34

Brasília (DF) – As eleições 2024 foram significativas para o crescimento do Republicanos, que ultrapassou a meta no pleito com um número expressivo de eleitos e de eleitores. Entre as mulheres, a agremiação também mostrou sua força com 51 prefeituras alcançadas, 89 vice -prefeituras e 801 vereadoras eleitas na nova legislatura de 2025. Entretanto, dados apurados pelo Observatório Nacional de Combate à Violência Política Contra a Mulher e a Secretaria Nacional do Republicanos, revelaram que a violência política de gênero, infelizmente, ainda é um grande contratempo.

Criado em abril de 2023 e liderado pela deputada federal licenciada e Secretária de Estado de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos do Rio de Janeiro, Rosangela Gomes, o Observatório atua como um órgão de cooperação do Republicanos que trabalha com formas de prevenção e combate à violência política contra a mulher, com base na Lei 14.192/2021 de autoria da republicana. “Ao longo do período eleitoral que está voltado para a pré-campanha e campanha efetiva, recebemos inúmeros casos de violência política de gênero. Esses casos envolviam mulheres republicanas em sua grande maioria, mas notamos que havia um percentual de mulheres não republicanas que em busca de apoio e suporte fizeram contato conosco”, disse Rosangela, que ressaltou ainda que boa parte dos contatos eram feitos pelos números de telefone do órgão, disponibilizados nas redes sociais e que muitas dessas mulheres por medo, optaram por não fazerem uma denúncia formal e preferindo o anonimato.

É importante pontuar que nos últimos dias, diversos órgãos de pesquisa conceituados pelo país, divulgaram dados estatísticos que mostraram os crescentes casos de violência política nas eleições deste ano. Ao todo, entre julho e setembro, foram registrados 338 casos no país, que variam entre violência física, psicológica, econômica, entre outras formas. Do número apresentado, 29% correspondem às mulheres. Os dados são do Giel – Grupo de Investigação Eleitoral da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO).

Quando comparado às eleições de 2020, a pesquisa “Violência Política e Eleitoral no Brasil”, desenvolvida pelas organizações sociais Terra de Direitos e Justiça Global, revela que houve este ano um aumento de 130% dos casos, onde as mulheres representam 46% das ocorrências, em um período que compreende entre janeiro e setembro deste ano. Entre pré-candidatas e candidatas, os atos de violência mais frequentes foram os de ameaça e ofensas.

Ao todo, o Republicanos contou com um total de 11.529 candidaturas femininas. Desse número, foram recebidos uma média de 120 contatos de republicanas que buscaram através do Observatório, esclarecimentos sobre o que é de fato a violência política; esclarecimentos sobre a distribuição de recursos e a questão do tratamento recebido por candidatas por parte de lideranças partidárias e outros candidatos da sigla. “Esses foram os casos que mais estavam em frequência conosco, que infelizmente alguns resultaram em desânimo e desistência às que pleiteavam ao cargo. Sabemos que esse número de contatos recebidos diante do número de candidatas é pouco, mas não porque não tivemos mais ocorrências dentro da agremiação, mas sim, pois muitas não entenderem ainda de fato que elas possuem uma Lei, um Observatório para cuidar delas nesse sentido. O receio e o medo de represálias também são um grande agravante para que ocorram as subnotificações e acreditamos que isso também ficou claro, nessas eleições, tanto em pesquisas de dados feitas por nós, ou por outros órgãos que atuam nesse sentido”, completou a coordenadora do órgão.

Acompanhando os dados estatísticos das eleições deste ano, também está a Secretaria Nacional do Republicanos que através de Demóstenes Félix, responsável pelo setor, ratifica o compromisso dado pelo presidente nacional do partido, deputado federal Marcos Pereira, em tratar as mulheres e a participação delas na política, como algo de grande valor e prioridade. “A violência política de gênero é algo que precisa ser levado a sério e o Republicanos tem verdadeiro compromisso com a pauta. Sob orientação do nosso presidente nacional, avançaremos nos trabalhos para que nas próximas eleições venhamos a obter resultados ainda melhores com números menores na violência política de gênero, fomentando a conscientização e prevenção das lideranças políticas sobre a pauta”, pontuou.

Aspirando 2026

Apesar das eleições de 2024 ter terminado, Rosangela Gomes acredita que o trauma recebido por inúmeras candidatas republicanas na violência política de gênero ainda está muito latente. Por isso, inicialmente a meta é cuidar dessas mulheres, entender ainda mais cada caso, para assim, posteriormente levar as diversas porcentagens de ocorrências aos líderes do Republicanos nos estados e municípios. “Primeiro precisamos ouvi-las, cuidar dessas muitas mulheres que infelizmente saem do pleito deste ano, fragilizadas. A partir disso, é que poderemos dar sequência às demais obrigações, com as prevenções e aplicação de ações de reparação aos agentes do ato de violência política, para que assim estejamos melhor preparados para 2026”, finalizou.

Texto: Ascom Observatório Nacional de Combate à Violência Política Contra a Mulher
Foto: cedida   

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