A representatividade feminina no esporte

Artigo escrito pela secretária de Esporte, Lazer e Juventude de Porto Alegre (RS) , Débora Garcia

Publicado em 13/4/2023 - 13:52

O mundo dos esportes, historicamente, foi sempre de domínio masculino. Para termos um exemplo desta distorção, a história relata que a primeira edição dos Jogos Olímpicos, em 1896, em Atenas, não teve nenhuma participação de mulheres. A segunda edição dos Jogos Olímpicos, em 1900, que ocorreu em Paris, teve 2,2% de mulheres. Já a última em 2020, em Tóquio, as mulheres conquistaram quase 50% dos espaços esportivos: 48,8%. Aliás, as brasileiras subiram ao pódio nove vezes, um recorde.

Agora, 124 anos depois da primeira participação feminina, Paris será novamente o palco das próximas Olimpíadas, em 2024. Qual será o percentual que as mulheres irão conquistar, desta vez?

A luta, o esforço, a determinação incansável das mulheres no decorrer dos séculos para ocupar seus espaços na sociedade, pela igualdade, por seus direitos, mostrou que barreiras e estereótipos impostos podem – e devem – ser quebrados. E os exemplos destas pioneiras serviram de inspiração para as novas gerações, para centenas de outras que hoje nos orgulham com quebra de recordes, com medalhas, troféus, nas mais diferentes competições, como a Daiane dos Santos – primeira campeã mundial da ginástica artística brasileira ou, mais recentemente, a medalhista olímpica Mayra Aguiar, apenas para citar algumas das gaúchas que brilharam – e brilham no mundo esportivo.

Nosso estado tem uma tradição muito forte de presença das mulheres nos esportes, desde a primeira participação, em 1980, nos Jogos Olímpicos de Moscou até a conquista da primeira medalha olímpica em 2004, em Atenas, quando a porto-alegrense Marlisa Wahlbrink (Maravilha) conquistou a medalha de prata no futebol feminino.

Hoje nossas gurias conquistaram espaços em todas as modalidades e brilham também no skate, vôlei, hipismo, natação, handebol, vela, remo, basquete e muitos outros.

E é justamente nesta categoria esportiva que a Prefeitura de Porto Alegre está apostando todas suas fichas, para incentivar e dar visibilidade às novas gerações de meninas e adolescentes, sobretudo em situação de vulnerabilidade social.

A Secretaria Municipal de Esporte, Lazer e Juventude, desenvolve várias ações voltadas para este público, mas destaco o projeto “Lance de Menina”, que além dos benefícios fisiológicos e emocionais da prática desse esporte, traz um ganho substancial no nível de informação sobre seu próprio momento de vida.

O projeto tem caráter social e inclusivo, com a finalidade de utilizar o jogo de futebol para o desenvolvimento de aspectos fundamentais do ser humano na vida de relação: autoestima, desafio, alegria, identificação com o grupo em que está inserida, a solidariedade, a formação de cidadãs e, ainda, valorizar e qualificar o trabalho das lideranças comunitárias.

Outro passo fundamental para esta política de inclusão das mulheres é a futura implementação do Centro de Desenvolvimento do Futebol Feminino (CDFF), exclusivo para jovens em situação de vulnerabilidade social, aqui na capital Porto Alegre, será o primeiro a ser implantado no Brasil. Consistirá num centro de apoio à mulher, composto por 120 crianças e adolescentes com faixa etária entre 13 a 17 anos, prioritariamente aqueles matriculados em escolas públicas, beneficiadas em atividades desenvolvidas no contraturno escolar. Uma poderosa ferramenta de inclusão social, que visa reduzir os índices de desigualdade de gênero no esporte.

Estamos plantando várias sementes neste solo fértil e promissor que é o universo esportivo feminino. E uma destas sementes que esperamos colher, será quando Porto Alegre for escolhida como uma das sedes brasileiras da Copa do Mundo de Futebol Feminino de 2027.

A partir daí, depois deste evento global, tenho certeza de que viveremos uma nova era de igualdade de gêneros e contemplaremos, ainda mais, o aumento substancial da representatividade feminina não apenas nos esportes, mas em todas as áreas.

*Os artigos publicados no Portal Republicanos são de responsabilidade de seus autores

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