Violência política de gênero: vamos falar deste assunto?

Esse tipo de violência se caracteriza como todo e qualquer ato com o objetivo de excluir a mulher do espaço político, impedir ou restringir seu acesso

Publicado em 20/10/2020 - 16:00

Brasília (DF) – Diferente da violência física contra a mulher, que deixa marcas, a violência política de gênero pode ser menos sutil, mas também dolorosa. A falta de acesso da mulher à política pelo fato de ela não ter tempo para se dedicar, a não ser cuidar da casa e da família, por exemplo, é um dos tipos de violência política.

Às vésperas das eleições municipais, um estudo realizado pela ONU Mulheres e pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) que mostra que entre 11 países analisados, o Brasil ocupa a 9ª posição quando observadas questões relacionadas à paridade de gênero na política, representatividade feminina nos Poderes, entre outros pontos.

A posição do Brasil no estudo é classificada como uma “dimensão econômica da violência política” contra as mulheres. De acordo com a pesquisa, embora a Lei Maria da Penha tenha sido fundamental para resguardar as mulheres da violência doméstica, falta no país uma legislação ampla sobre violência contra as mulheres em outras áreas.

Segundo especialistas, a violência política pode ser caracterizada como todo e qualquer ato com o objetivo de excluir a mulher do espaço político, impedir ou restringir seu acesso ou induzi-la a tomar decisões contrárias à sua vontade. As mulheres podem sofrer violência quando concorrem, já eleitas e durante o mandato.

A secretária Nacional de Políticas para as Mulheres, Cristiane Britto, diz ter acompanhado de perto relatos frequentes de violência política contra as mulheres nas eleições municipais. “São situações que se passavam desapercebidas por muitas candidatas e filiadas, enfim, por mulheres que sequer davam conta que aquela situação em que estavam sendo submetidas era uma violência política”, disse a secretária durante webinário da Secretaria da Mulher da Câmara dos Deputados, realizado em setembro de 2020.

Para combater a violência política contra as mulheres, foi criado um canal especial no disque 180 já para as eleições deste ano.

Segundo dados da ONU Mulheres, 82% das mulheres em espaços políticos já sofreram violência psicológica; 45% já sofreram ameaças; 25% sofreram violência física no espaço parlamentar; 20%, assédio sexual; e 40% das mulheres afirmaram que a violência atrapalhou sua agenda legislativa.

A secretária nacional do Mulheres Republicanas, deputada federal Rosangela Gomes (RJ), conta que quando foi a única mulher vereadora, da Câmara de Vereadores de Nova Iguaçu, travou uma batalha com sua posição na Casa de Leis. “Precisamos impor nossa voz e não ser mais vítima desse tipo de violência. Enquanto estive vereadora, pude notar o quanto a mulher era desacreditada na política. Infelizmente hoje ainda acontece. Aos poucos a sociedade vai entendendo que temos potencial e podemos estar onde quisermos”, ressaltou.

Tipos de violência política de gênero

A violência pode ocorrer por meio virtual (com ataques em suas páginas, fake news e deepfakes) e também nas ruas, quando as mulheres que atuam na política são atacadas por eleitores. Elas podem ser vítimas tanto em seus partidos como dentro de casa. As ações se dão de forma gradativa e podem chegar até ao assassinato.

Outras formas de violência política é quando uma mulher deixa de valorizar a capacidade de outra mulher.

De acordo com dados da Secretaria da Mulher da Câmara, entre 1998 e 2016, foram 79 mortes de candidatas em campanha, uma média de 16 assassinatos por período eleitoral, sendo que a maioria das mortes ocorreu em eleições municipais e em cidades com menos de 50 mil habitantes.

Violências invisíveis

– violência emocional por meio de manipulação psicológica, que leva a mulher e todos ao redor a acharem que ela enlouqueceu;

– quando o homem explica à mulher coisas simples, como se ela não fosse capaz de compreender;

– a constante interrupção, impedindo a mulher de concluir pensamentos ou frases;

– quando um homem se apropria da ideia de uma mulher.

Na condição de candidatas, as mulheres sofrem violência política de gênero, principalmente, por:

– ameaças à candidata, por palavras, gestos ou outros meios, de lhe causar mal injusto e grave;

– interrupções frequentes de sua fala em ambientes políticos, impedimento para usar a palavra e realizar clara sinalização de descrédito;

– desqualificação, ou seja, indução à crença de que a mulher não possui competência para a função a que ela está se candidatando ou para ocupar o espaço público onde se apresenta;

– violação da sua intimidade, por meio de divulgação de fotos íntimas, dados pessoais ou e-mails, inclusive montagens;

– difamação da candidata, atribuindo a ela fato que seja ofensivo a sua reputação e a sua honra;

– desvio de recursos de campanhas das candidaturas femininas para as masculinas.

Agência Republicana de Comunicação – ARCO, com informações da Secretaria da Mulher da Câmara dos Deputados
Fotomontagem: Arquivo Republicanos

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