O dilema da doação de órgãos no Brasil

Roberto Sales alerta que o número de potenciais doadores de órgãos, bem como de transplantes em todo o país teve uma significativa queda em 2015.

Publicado em 26/10/2015 - 00:00 Atualizado em 5/6/2020 - 14:56

De janeiro a junho deste ano, houve uma diminuição significativa da taxa de potenciais doadores de órgãos, bem como do número de transplantes de rins, fígado e pâncreas. Pela primeira vez, desde 2007, em que foram registrados 3.770 transplantes, houve uma redução de 17,34% procedimentos, ou seja, 3.116 em relação ao mesmo período. O mais alarmante é que mais de 32 mil pacientes ainda aguardam a vez na lista de espera. Os dados são do Registro Brasileiro de Transplante (RBT).

A elevada taxa de recusa familiar à doação, cerca de 44% ainda persiste como o principal obstáculo para a efetivação da doação na maioria dos estados brasileiros, seguida da dificuldade na realização dos testes para o diagnóstico de morte encefálica.

Para tentar combater essa triste realidade, lançamos no último dia 08 de outubro a Frente Parlamentar de Incentivo à Captação e a Doação de Órgãos na Câmara dos Deputados com apoio do Ministério da Saúde, da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO) e da Aliança Brasileira de Apoio à Saúde Renal (Abrasrenal), entre outros órgãos e entidades. O objetivo é buscar ações que incentivem a doação de tecidos em todo o país, bem como pela superação das dificuldades diárias enfrentadas pelos profissionais da área.

O colegiado irá buscar incentivar campanhas preventivas de saúde e às chamadas terapias substitutivas, como diálise e hemodiálise, no caso de situações relacionadas a problemas renais. Vamos incentivar a participação de todos para que enviem propostas, sugestões, denúncias e reclamações e vamos tentar, junto ao Ministério da Saúde e outros órgãos, chegar a um acordo.

Como um transplantado, conheço a luta de quem é obrigado a passar por tal experiência, tanto do lado do receptor, quanto do doador e das respectivas famílias. Há quatro anos, recebi um rim do meu pai. Por isso, e pelo fato de ter sido submetido à cirurgia em tempo hábil, com bons resultados, posso me julgar um privilegiado, pois infelizmente muitas pessoas morrem na fila de espera, enquanto aguardam uma doação ou uma vaga no hospital que realize tais procedimentos.

A boa notícia é que os deputados que integram a Frente Parlamentar de Incentivo à Captação e a Doação de Órgãos se propuseram a ajudar o setor com recursos, por meio de emendas, para socorrer algumas unidades de saúde em crise, a exemplo do Hospital do Fundão, que pertence à Universidade Federal do Rio de Janeiro e teve alas recentemente fechadas. Além disso, vamos propor várias iniciativas para solucionar os entraves do setor, pois temos muito que avançar e ultrapassar obstáculos.

 

*Roberto Sales é deputado federal pelo PRB Rio de Janeiro e coordenador da Frente Parlamentar de Incentivo à Captação e a Doação de Órgãos da Câmara dos Deputados

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