É preciso mudar a realidade da violência contra a mulher

Artigo escrito por Tia Eron, deputada federal na Bahia pelo PRB

Publicado em 7/6/2018 - 00:00 Atualizado em 5/6/2020 - 12:12

A Bahia é o segundo estado do Brasil que mais mata mulheres, de acordo com o Atlas da Violência 2018, divulgado no último dia 5 de junho. Em 2016, foram 441 homicídios, o que equivale a 5,7 mulheres assassinadas a cada 100 mil habitantes do estado.

Além disso, entre 2006 e 2016 o crescimento da violência e assassinato aumentou 81,5%. Para completar esse triste quadro, o número de homicídios de mulheres negras é 1,73 vezes maior do que o registrado entre não negras.

Me traz ainda mais desespero ao pensar que do total de agressões contra a mulher, 42,5% são do próprio parceiro ou ex-parceiro, e 68,8% dos incidentes acontecem dentro de casa. Essas mortes, que devem ser punidas no mais alto rigor da lei, são causadas explicitamente pelo preconceito machista, principal móbil do crime, resquício do patriarcalismo, sobretudo, no Nordeste e na nossa Bahia, onde resiste com mais força a ideia de que a mulher deve ter uma atividade restrita ao âmbito doméstico.

Sabia que o ciclo de violência começa muito cedo? Até os 14 anos de idade os pais são os principais responsáveis pela violência. O papel de agressor, porém, vai sendo substituído progressivamente pelo parceiro e pasmem, depois dos 60 anos, os filhos preponderam na violência contra a mulher.

Com muita batalha, consegui aprovar a realização pelo Sistema Único de Saúde (SUS) de cirurgia plástica reparadora de sequelas de lesões causadas por atos de violência contra a mulher. É uma vitória minha e das minhas irmãs. Uma luz nesse túnel tão escuro que é o machismo presente na nossa política.

Como representante na Câmara e presidente estadual do PRB Bahia, prometo empenhar todos os meus dias na luta contra a desigualdade de gênero e na diminuição da violência contra a mulher, assunto que deve ser debatido com a maior seriedade. Qualquer dado apresentado aqui ainda será muito baixo se levarmos em consideração que ainda existem muitas mulheres que sofrem agressão, mas não têm coragem de pedir ajuda. Se você é um desses casos ou conhece alguém que passa por isso, não tenha medo.

A denúncia de violência doméstica pode ser feita em qualquer delegacia, com o registro de um boletim de ocorrência, ou pela Central de Atendimento à Mulher (Ligue 180). A denúncia é anônima e gratuita, disponível 24 horas, em todo o país. Ao registrar o boletim de ocorrência em uma delegacia, a mulher pode entrar com uma medida protetiva sob a Lei Maria da Penha que obriga o agressor a se manter longe dela. Não se cale, a sua denúncia pode salvar uma vida.

*Tia Eron é deputada federal na Bahia pelo PRB

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