Bulhões condena radicalismos contra Lobato

Líder do PRB questiona “banimento” de obra do autor nas escolas

Publicado em 21/9/2012 - 11:44 Atualizado em 6/12/2024 - 16:25

Brasília (DF) – O líder do PRB reagiu ao que considera uma campanha sem sentido promovida por radicais contra a obra de Monteiro Lobato. O autor de clássicos da literatura infantil tem uma de suas obras, “Caçadas de Pedrinho”, ameaçadas de ser retirada da relação de livros adotados no Programa Nacional Biblioteca na Escola porque teria conteúdo racista. Em seu pronunciamento, o parlamentar republicano alertou para o risco de se esconder a realidade nacional, quando o correto seria contextualizar os alunos sobre a obra. “Não seria mais acertado preparar nossos professores para ensinar os alunos a como ler os livros de Lobato? ”, questionou.

Bulhões lembrou clássicos da literatura e filosofia que trazem em seu bojo vários preconceitos. “Sócrates defendia não só a escravidão como a inferioridade das mulheres. Shakespeare atacava os judeus em “O Mercador de Veneza”, Euclides da Cunha fez uma série de observações preconceituosas contra os nordestinos em “Os Sertões”. No entanto, não vejo ninguém querendo proibir a leitura e estudo desses autores, todos notáveis em sua arte, embora criticáveis em seus pensamentos”.

Bulhões teme que por trás do politicamente correto discurso contra Lobato esteja escondida na verdade mais uma tentativa de imputar o pensamento único, raiz de todos os totalitarismos. “Nenhuma prática na trajetória da humanidade merece ser mais condenada do que o racismo. Mas a história nos ensina que é o enfrentamento e não a ocultação que permite a superação de males como o nazismo, por exemplo”.

Para Bulhões, apagar ou ocultar trechos ou obras que tragam conteúdos racistas não vai “curar chagas, nem suprimir pelourinhos”. O deputado do PRB concluiu: ”O ovo da serpente não está no preconceito datado do escritor. Mas no medo e na volúpia com que alguns homens teimam em fazer fogueiras das ideias. Basta lembrar como os nazistas adoravam queimar livros”.

Por Paulo Gusmão
Foto Capa: Douglas Gomes. Foto 02: Divulgação

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