Aline Gurgel reforça defesa de bandeiras femininas no Congresso Nacional

Deputada federal e presidente do PRB Amapá, republicana concedeu entrevista exclusiva à Agência PRB Nacional

Publicado em 18/3/2019 - 00:00 Atualizado em 8/6/2020 - 12:13

A entrevistada desta semana vem lá do Amapá e representa muito bem a força da mulher do Norte. Conversamos com a presidente do PRB Amapá, deputada federal Aline Gurgel, que sempre foi uma grande defensora dos direitos das mulheres, enquanto vereadora de Macapá e também secretária Extraordinária de Políticas para Mulheres do Estado. A republicana agora está empenhada em dar ainda mais voz a essa e outras causas no Congresso Nacional.

Em entrevista exclusiva concedida à Agência PRB Nacional, Aline Gurgel destacou as ações dos seus primeiros dias de mandato na Câmara dos Deputados e reforçou seu compromisso com suas bandeiras históricas, dentre elas as causas municipalistas.

ENTREVISTA

Agência PRB Nacional – Deputada, como avalia seus primeiros dias de mandato como representante do Amapá na Câmara dos Deputados?
Aline Gurgel – Esse tem sido um período muito produtivo. Desde o dia da posse não paramos de trabalhar, fazendo a interlocução tanto com o Estado do Amapá, ouvindo a população, quanto vendo de perto a realidade e os anseios sociais. Trouxemos na bagagem para Brasília bons projetos formulados pela necessidade e viabilizando também recursos extra orçamentários nos ministérios. Apresentamos um projeto de lei que não permite o contingenciamento para a política da mulher e também vários requerimentos sobre a questão da energia elétrica, das altas tarifas. Vejo positivo e, claro, temos muito ainda a avançar.

 

Agência PRB Nacional – A senhora apresentou um projeto de lei que visa garantir recursos para o cumprimento da Lei Maria da Penha. Como isso se dará na prática?
Aline Gurgel – Quando fui secretária de Mulheres do Amapá eu senti na pele os problemas relacionados ao orçamento, que é pequeno para essas causas, mesmo o Governo do Amapá sendo muito parceiro. O que observei no governo federal é que desde 2014 vem havendo vários remanejamentos no Orçamento, e isso só faz a violência aumentar. Então, entramos com um projeto de lei alterando a Lei de Diretrizes Orçamentária 2019 para que, uma vez destinado o recurso às políticas das mulheres para o enfrentamento à violência, não possa ter nenhum tipo de remanejamento. Vejo isso como positivo, pois se não atingirmos o objetivo, que é um orçamento digno, nós não vamos conseguir parar o relógio da violência que contabiliza a cada segundo uma mulher agredida. Se o governo federal tem dificuldade imagina os estados e municípios.

 

Agência PRB Nacional – A violência de gênero é uma realidade. Como pretende intensificar o trabalho de proteção e amparo às mulheres?
Aline Gurgel  – Nos elegemos com uma bandeira muito importante, que é a defesa da mulher. No estado, temos um trabalho conhecido nesse sentido e entendo que, quando se defende a mulher, estamos defendo a família, a saúde, a agricultura, a educação, uma sociedade justa e igualitária, pois não existe uma sociedade justa e igualitária se não há uma participação efetiva de homens e mulheres no centro do debate. Nós temos vários projetos que já estão praticamente prontos, como o que pretende agravar a pena para a violência psicológica. Temos projeto para alterar a Lei Maria da Penha para que tenha obrigatoriedade de recurso. O Amapá tem uma demanda imensa em relação a creches, então queremos trabalhar as causas relacionadas à primeira infância, que diz respeito diretamente à mulher, pois a criança pequena na creche dá liberdade para mulher trabalhar e, com isso, ajudamos a quebrar também o ciclo da violência, já que as mulheres não mais se submetem por questões financeiras, como ainda acontece muito. A política da mulher é transversal, nós vamos atuar em todas as áreas e segmentos a fim de proporcionar qualidade de vida às mulheres e principalmente combater o maior índice de violência, que é a violência doméstica. A ideia é entrar com projeto de que lei para que o governo federal tenha a obrigatoriedade de usar parte de seus recursos na comunicação para entrar nos lares e enfrentar a violência doméstica.

 

 Agência PRB Nacional – Este mês foi comemorado o Dia Internacional da Mulher. O que a senhora destaca de avanço em favor das mulheres?
Aline Gurgel – Temos que olhar para o passado não só com tristeza. Quando aquelas mulheres morreram queimadas naquela fábrica elas deram condições de nós mulheres, hoje, podermos continuar gritando, mas também já enxergarmos os avanços. Naquela época as mulheres tiravam o sutiã, jogavam pedras em vidros, era a arma que tinham naquele momento. Hoje nós temos as redes sociais para nos posicionar, para falarmos, temos aplicativos, estamos na era tecnológica. A Lei Maria da Penha, a lei do feminicídio, as delegacias especializadas 24 horas são frutos do avanço, assim como o aplicativo ‘Denuncie Mulher Amapá’ que nós criamos em nossa gestão como secretária de Mulheres e que tem um box de atendimento dentro do 190, no qual temos psicólogos e policiais capacitados para enfrentar a violência contra a mulher e prestar um atendimento digno. Criamos um projeto chamado ‘Papo de Homem’, quebrando paradigmas junto com as técnicas do Centro de Referência à Mulher e à Família (Camuf), lá no nosso Estado do Amapá, e nós colocamos uma plateia só de homens para debater a violência, um outro incrível avanço. Entendo que tem muito a se fazer, mas com o comprometimento e a união da bancada feminina, hoje com 77 mulheres no Congresso Nacional. Se estamos aqui é porque houve avanço.

 

Agência PRB Nacional – A senhora foi uma vereadora destacada pela sua atuação na causa municipalista. O que está sendo possível fazer para atender as demandas dos municípios do seu estado?
Aline Gurgel  – Defendemos um Brasil municipalista, um Amapá municipalista, pois as pessoas vivem no município e é lá que precisa de creches, da saúde básica, da primeira infância, é lá que precisa do asfalto. Neste momento nós estamos unidos com prefeitos e vereadores, para que consigamos sim aumentar os repasses do governo federal para os municípios. Hoje a fatia do bolo é injusta, não condiz com a realidade dos municípios. Sou uma mulher municipalista e vamos defender isso afinco votando projetos que venham a fortalecer os municípios brasileiros.

 

Agência PRB Nacional – Recentemente a senhora acompanhou a visita dos ministros da Saúde e do Desenvolvimento Regional ao Amapá. O que foi possível pleitear?
Aline Gurgel  – Ficamos muito felizes com a visita do presidente do Senado, Davi Alcolumbre, que é um amapaense e um jovem 41 anos, e poder levar dois ministros em uma única semana para o Amapá. Entendemos que o Amapá é o 24º do país em recursos, ou seja, muito carente de verbas, dependente do governo federal. Só conhece a realidade quem vive lá e falei isso para eles, pois é necessário que os políticos saiam do ar condicionado e estejam nas cidades, andem de barco, como o ministro do Desenvolvimento Regional, Gustavo Canuto. Aproveitamos e fizemos muitos pedidos importantes, dentre eles uma passarela, pois vivemos em uma região com casa de palafitas onde as pessoas precisam de passarelas dignas para ir e vir. Solicitamos ao ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, aparelhos de mamografia para a saúde da mulher. Ele sinalizou positivamente.

 

Agência PRB Nacional – Adolescentes e jovens carecem de políticas públicas eficazes para seu futuro. Será possível fazer algum trabalho nessa área? Quais são os desafios?
Aline Gurgel  – Temos um pedido especial das mães, pois na campanha nós fizemos um compromisso e vamos honrar. Quando andávamos nos municípios as mães pediam oportunidade para os filhos e isso me sensibilizou muito. Pensando nisso, montamos um projeto de lei que já está pronto e vai ser apresentado nos próximos dias que cria a Central do Trabalhador Jovem (CTJ), ele é inédito no Brasil. Temos o programa Jovem Aprendiz, mas ele não contempla a todos. Temos um estado que tem a maior população jovem desocupada do país e o CTJ vai capacitar, será composto por uma central de multiprofissionais que vai detectar o talento destes jovens e aí teremos um banco de dados unificado em todo o país e as empresas que aderirem terão incentivos e isenções.

 

Agência PRB Nacional – O preço da energia elétrica no Amapá teve aumento e isso pesa para a população, que é bastante carente. O que será preciso fazer para reverter isso?
Aline Gurgel  – É uma prioridade revermos isso. Hoje no Amapá temos cinco conjuntos habitacionais com uma população de 42 mil pessoas carentes, temos a maior taxa de energia elétrica do país, sendo que somos um estado produtor, superavitário, temos várias hidrelétricas e não poderíamos estar pagando uma taxa tão alta, precisávamos de uma compensação pelos impactos ambientais causados e por uma série de situações. Casas de pessoas carentes que ganham menos de um salário mínimo estão pagando energia de R$ 800, isso é injusto. Se o Amapá está produzindo para todo o país então ele tem que entrar numa taxa de desconto verde. Também estamos lutando para que a tarifa social seja unificada, pois você usa tantos quilowatts e tem o desconto, mas quando passa disso, você perde. Defendemos uma tarifa social única para que as pessoas tenham um planejamento.

10 perguntas para Aline Gurgel

Um hábito:  oração

Um esporte:  musculação

Uma conquista:  chegar ao Congresso

Um objetivo:  vencer a violência contra as mulheres

Uma viagem marcante:  com meus filhos para Goiânia

Sua comida preferida:  Frango no tucupi

Um livro:  O Segredo do Pai Nosso (Augusto Curi)

Um filme:  Uma Linda Mulher

O Brasil precisa de: amor

A política é: um bem necessário

 

Por Agência PRB Nacional

 

 

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