A família desafiando o jogo da Baleia Azul

Artigo escrito por Roberto Alves, deputado federal pelo PRB São Paulo

Publicado em 1/5/2017 - 00:00 Atualizado em 5/6/2020 - 13:43

Não é de hoje que as redes sociais influenciam a vida dos jovens, sobretudo aqueles que ainda estão em fase de construção do caráter. De quando em quando, aparecem jogos e desafios os quais expõem os nossos filhos ao perigo. O ‘desafio da Baleia Azul’, que seria mais um jogo viralizado na internet, ganhou a atenção da mídia e, agora, das autoridades.

Acionada pelo Ministério da Justiça, a Polícia Federal deu início a uma caçada aos criminosos que usam as redes sociais para manipular os jovens, colocando-os em um círculo vermelho do onde, para as vítimas, é impossível escapar.

Segundo a polícia, o desafio da baleia azul inicia a partir de um convite. O bandido, que se diz ‘curador’, entra em contato com a vítima. Uma vez aceito o desafio, começam as trocas de mensagens com 50 tarefas a serem cumpridas, as quais culminam no suicídio. O participante é coibido a não desistir do jogo sob pena de punições a si próprio e aos familiares, já que o ‘curador’ teria acesso aos seus dados pessoais.

O crime cometido por esses bandidos manipuladores é de induzimento ou instigação ao suicídio, previsto no artigo 122 do Código Penal, com pena prevista de reclusão de dois a seis anos, podendo ser duplicada caso a vítima seja menor de 18 anos. Também estão cometendo crime de ameaça, previsto artigo 147 do CP, com pena prevista de um a seis meses de detenção.

Meus amigos, eu torço para que a Polícia Federal consiga tirar de circulação esses bandidos que a ameaçam a segurança das nossas crianças e adolescentes. Por outro lado, penso que o desafio da Baleia Azul acendeu o alerta (mais uma vez) sobre um mal que afeta milhões de brasileiros: a depressão.

Depressão é uma epidemia, um problema de saúde pública. Jovens acometidos dessa doença são presas fáceis dos curadores dos jogos macabros. Como presidente da Frente Parlamentar Contra a Exploração de Crianças e Adolescentes, sei o quanto é difícil os pais saberem que os filhos estão passando por uma situação difícil ou arriscada. Quando descobrem, é tarde. No caso da depressão, o apoio médico e psicológico é necessário, mas nunca podemos deixar escapar os valiosos momentos de conversa com os filhos. A conversa sincera, olho-no-olho, sem pressões ou cobranças.

Precisamos estar atentos às mudanças no comportamento deles, mudanças na rotina alimentar, no sono, no modo de se vestir, nas aulas, no humor. Acima de tudo, devemos abrir espaço para o diálogo sobre diferentes assuntos, dar-lhes momentos para falarem sobre si e sobre o mundo, dos seus projetos de vida. Por fim, precisamos valorizar seus potenciais e competências, dentro de um limite familiar.

Não podemos mais permitir que jovens continuem tirando suas vidas por causa de um jogo. Precisamos ajuda-los a se olharem no espelho e se amarem, porque a felicidade deles é muito importante para nós, pais. Eles não sabem o quanto.

*Roberto Alves é deputado federal pelo PRB São Paulo

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