A beleza de Lupita

Artigo escrito por Márcio Marinho, deputado federal e presidente do PRB Bahia.

Publicado em 28/4/2014 - 00:00 Atualizado em 5/6/2020 - 19:01

É bom ver a beleza negra ser reconhecida.  Sim, ser reconhecida, porque ela sempre existiu, mas era negada. Um dia veremos isso aqui no Brasil! A revista “People”, dos Estados Unidos, elegeu a atriz Lupita Nyong’o, de 31 anos, a mulher mais bonita do mundo, para a edição especial deste ano. Ela é negra, nascida na Cidade do México, mas criada no Quênia, ganhou fama internacional ao conquistar o Oscar de melhor  atriz coadjuvante pela sua atuação no filme  “12 Anos de Escravidão”.

Lendo o artigo de André Forastieri, articulista do site R7, podemos ver a triste discriminação brasileira com a beleza negra. Ele diz: “ Não basta ser linda se você é uma negra com traços negros. Trabalhei na revista Bizz entre 1990 e 1993. Era proibido pôr negro na capa. O argumento da direção era que “negro não vende”. Nem Jimi Hendrix e Bob Marley? Nada feito. De lá para cá, muito mudou no Brasil. E muito quase não mudou. Fosse Lupita só a bonitinha que é, sem tantos atributos intelectuais, artísticos e fashionistas, seria escolhida pela People, sendo a negra retinta que é? Desconfio que não. A última negra que ganhou esse troféu foi Halle Berry, clarinha, narizinho delicado.”

Concordo plenamente com a observação feita pelo jornalista, pois, sendo o Brasil o país mais negro fora da África, ainda não vemos “lupitas” estamparem capas de revista. O máximo que chegamos foi a atriz Thais Araújo, que embora seja negra, quando aparece nas capas de revistas tem o tom de sua pela mais clara que na vida real.

O Brasil, terra das negras lindas, e ainda mais lindas do que Lupita, resiste a reconhecer a beleza pelo que ela é. Nega a beleza, como forma de “âncora”, que impede a ascensão social de uma raça. Por mais incrível que possa parecer, o que é estampado na capa de uma revista é, verdadeiramente um “produto” que possa ser vendido.

Mas estamos engatinhando como sociedade,e um dia estamparemos naturalmente, sem necessidade de “cotas”, as nossa belezas negras, estéticas e intelectuais, e tantas outras virtudes do nosso povo.

*Márcio Marinho é deputado federal e presidente do PRB Bahia

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