Tia Eron defende políticas públicas eficientes para reparar desigualdades sociais no país

Tia Eron defende políticas públicas eficientes para reparar desigualdades sociais

Republicana palestrou na 1ª Conferência Estadual “Política de Reparação para minorias” realizada no Maranhão

Publicado em 13/6/2018 - 00:00 Atualizado em 17/8/2021 - 17:04

São Luiz (MA) – Com o tema “Mulher negra e os desafios no caminho da emancipação” a deputada federal e coordenadora nacional do PRB Igualdade Racial, Tia Eron, defendeu a importância de implementar políticas públicas eficientes para reparar as desigualdades sociais existentes no país.

A defesa da parlamentar foi feita durante a 1ª Conferência Estadual “Política de Reparação para minorias”, realizada no último dia 8 de junho, no Plenário Manuel Beckman da Assembleia Legislativa do Maranhão, promovido pelo PRB Igualdade Racial.

Ao abordar o tema, destacando sua luta contra o racismo e à injúria racial, Tia Eron contou ao público presente os ataques racistas recebidos diariamente em seu gabinete.

“Os ataques vêm das mais diversas formas. Pelas redes sociais já vi comentários que me chamavam de macaca, pediam que eu fosse estuprada. Por meio de cartas enviadas ao meu gabinete li que ‘feto de preto é bagunça’. O racismo machuca, corrói, rasga a alma. E é só assim falando sobre a desigualdade racial que vamos conseguir mudá-la. É somente ao ser confrontado com as estatísticas que o racismo brasileiro, sustentado em três séculos de escravidão, revela-se sem meias palavras”, disse Tia Eron.

Tia Eron lembrou que a população negra é a mais afetada pela desigualdade e pela violência no Brasil, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU). Dados do Ministério Público do Trabalho revelam que no mercado de trabalho, negros e pardos enfrentam mais dificuldades na progressão da carreira, na igualdade salarial e são mais vulneráveis ao assédio moral. Além disso, a população negra também corresponde a maioria (78,9%) dos 10% dos indivíduos com mais chances de serem vítimas de homicídios, mas essa é só uma parcela do problema.

“O negro, em sua maioria, passa por dois tipos de preconceito. Normalmente ele é negro e pobre, são duas camadas do preconceito social. Se for uma negra mulher, a situação se agrava, porque provavelmente ela também será vítima do machismo. Para curar qualquer doença, é preciso reconhecer a doença”, alerta Tia Eron.

Igualdade salarial só em 2089

Mais da metade da população brasileira (54%) é de pretos ou pardos, sendo que a cada dez pessoas, três são mulheres negras. Apesar do alto índice, será apenas em 2089, daqui a pelo menos 72 anos, que brancos e negros terão uma renda equivalente no Brasil. A projeção é da pesquisa “A distância que nos une – Um retrato das Desigualdades Brasileiras” da ONG britânica Oxfam, dedicada a combater a pobreza e promover justiça social.

Em média, os brasileiros brancos ganhavam, em 2015, o dobro do que os negros: R$1.589, ante R$ 898 mensais.

Ainda segundo o relatório, 67% dos negros no Brasil estão incluídos na parcela dos que recebem até 1,5 salário mínimo (cerca de R$1.400). Entre os brancos, o índice fica em 45%.

Morrem mais mulheres negras

O feminicídio, isto é, o assassinato de mulheres por sua condição de gênero, também tem cor no Brasil: atinge principalmente as mulheres negras. Entre 2003 e 2013, o número de mulheres negras assassinadas cresceu 54%, ao passo que o índice de brancas caiu 10% no mesmo período de tempo. Os dados são do Mapa da Violência 2015, elaborado pela Faculdade Latino-Americana de Estudos Sociais.

“Essa é mais uma evidência de que os avanços nas políticas de enfrentamento à violência de gênero não podem fechar os olhos para o componente racial. As mulheres negras também são mais vitimadas pela violência doméstica: 58,68%”, explicou Eron.

De acordo com dados do Ministério da Saúde e da Fiocruz, as mulheres também encabeçam o índice das mais atingidas pela violência obstétrica (65,4%) e pela mortalidade materna (53,6%).

Negros são as maiores vítimas da violência e o maior número de desempregados

Atualmente, de cada 100 pessoas assassinadas no Brasil, 71 são negras. De acordo com informações do Atlas, os negros possuem chances 23,5% maiores de serem assassinados em relação a brasileiros de outras raças, já descontado o efeito da idade, escolaridade, do sexo, estado civil e bairro de residência.

“Jovens e negros do sexo masculino continuam sendo assassinados todos os anos como se vivessem em situação de guerra. Eles também são os que mais ocupam espaço nas prisões. Mais da metade dos presos (61,6%) são pretos e pardos, isso também é um espelho da falta de oportunidade que essas pessoas recebem”, pontua Tia Eron.

A crise e a onda de desemprego também atingiram com mais força a população negra brasileira: eles são 63,7% dos desocupados, o que corresponde a 8,3 milhões de pessoas. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Texto e foto: Ascom – deputada federal Tia Eron
Edição: Agência PRB Nacional

 

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