Funcionários de empresa contratada pela Vale se omitem em CPI

Engenheiros da TÜV SÜD foram convocados pelo deputado federal Roberto Alves (PRB-SP) para prestarem depoimentos na CPI de Brumadinho

Publicado em 23/5/2019 - 00:00 Atualizado em 8/7/2020 - 09:12

Brasília (DF) – Atendendo ao requerimento de convocação do deputado federal Roberto Alves (PRB-SP), o engenheiro auditor da empresa TÜV SÜD, Makoto Namba, compareceu à CPI de Brumadinho, na Câmara dos Deputados, nesta quinta-feira (23). Ele se manteve em silêncio, um direito assegurado a ele pela Justiça.

Também compareceu o engenheiro da TÜV SÜD, André Jum Yassuda, outro que usou do benefício de ficar em silêncio, e a diretora de gestão e qualidade da empresa, Alice Maia, a única que respondeu às perguntas dos parlamentares.

Makoto Namba e André Yassuda estão sendo investigados pela Justiça mineira por serem os responsáveis pelo laudo que atestou a estabilidade da barragem B1 da Mina Córrego do Feijão, que rompeu no dia 25 de janeiro, matando centenas de pessoas e animais, provocando o segundo maior acidente de trabalho do mundo e o quarto maior e desastre ambiental da história Brasil.

A audiência foi presidida pelo deputado federal Gilberto Abramo (PRB-MG). O depoimento prestado pelos engenheiros às autoridades mineiras foi lido pelo relator da CPI, deputado Rogério Correia, mesmo assim, Makoto e André não se manifestaram acerca do que foi falado nos autos.

O deputado Roberto Alves demonstrou indignação com o silêncio dos investigados, porque, para ele, a estratégia deles visa prejudicar o andamento da CPI e manchar a imagem da comissão junto a sociedade. “Saibam que o silêncio dos senhores, porém, nos encoraja a ir mais fundo nas investigações, até buscarmos os elementos necessários para apontarmos os verdadeiros responsáveis”, declarou.

O republicano peguntou a Makoto Namba se ele tinha conhecimento das falhas nos sensores de segurança da barragem B1 da Mina Córrego do Feijão e por que assinou o laudo de estabilidade; e se a Vale foi comunicada sobre os riscos de segurança na barragem.

Omissão

A diretora de gestão e qualidade da TÜV SÜD, Alice Maia, afirmou que, em seis anos de trabalho, nunca foi à Brumadinho. Porém, disse ela, as atividades na barragem estavam dentro das regras de compliance da empresa alemã. Compliance é um conjunto de regulamentos internos e externos que definem um padrão ético de uma empresa e de conformidade com as leis.

Alice afirmou, ainda, que a TÜV SÜD nunca recebeu nenhuma manifestação por parte de seus engenheiros sobre pressões de natureza corporativa, no sentido de forçá-los a assinar documentos com informações inverídicas. “Nunca fomos informados sobre nenhuma anormalidade envolvendo a gestão da barragem em Brumadinho”, declarou.

Roberto Alves criticou a postura descompromissada da TÜV SÜD perante as investigações da tragédia em Brumadinho. “Pelas declarações que foram dadas, há uma clara intenção de eximir-se de qualquer fato que ligue à tragédia. Enquanto uns se mantêm em silêncio, outros não sabem de nada”, lamentou.

Texto e foto: Carlos Eduardo Matos / Ascom – deputado federal Roberto Alves

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