A natureza pede socorro

Artigo escrito por Sebastião Santos, deputado estadual pelo PRB São Paulo

Publicado em 18/11/2013 - 00:00 Atualizado em 8/6/2020 - 09:01

Em menos de um mês ocorreram no Estado de São Paulo duas catástrofes ambientais que levaram a morte milhares de peixes e outras espécies aquáticas. Ambas foram causadas por incêndio envolvendo galpões que armazenavam açúcar. O primeiro aconteceu no dia 18 de outubro, no porto de Santos. Cerca de 180 mil toneladas de açúcar derreteram formando uma “cachoeira de caramelo”, que caiu no mar causando a morte a milhares de peixes e outras espécies marinhas entre Santos e Guarujá. Pouco depois, no dia 25, outro incêndio ocorreu em Santa Adélia. 500 toneladas de açúcar viraram caramelo e escorreram para os rios São Domingos e Turvo provocando a morte espécies que vivem neste habitat. O melaço atingiu ainda residências, ruas e plantações. Os ambientalistas afirmam que os danos à natureza são incalculáveis. Relembre o ocorrido aqui.

No dia 31 de outubro, começou o período da piracema, época de reprodução dos peixes. Período tão importante, que a pesca profissional e esportiva são proibidas nesta época. É na Piracema que o ciclo da vida acontece. Mas este ano ciclo foi interrompido. Entre os peixes mortos e retirados era possível visualizar os que estavam prontos para desova. Uma cena chocante. Técnicos da Cetesb já comprovaram a contaminação por causa do caramelo. As águas do rio São Domingos estão com 0% de oxigênio. É desesperador assistir a agonia dos peixes morrendo asfixiados. Na busca de minimizar os danos, no fim de semana formamos uma força tarefa para salvar o rio. Uma ação belíssima de união entre pescadores de colônias da região, a Polícia Ambiental, a Cetesb, a Amertp (Assoc. de Defesa do Meio Ambiente e dos Rios Turvo, Preto e da Cachoeira do Talhadão), o Ministério da Pesca e a Frente Parlamentar da Pesca da Assembleia Legislativa, na qual representei. Na ação foram retirados os peixes ainda vivos, transportados em caminhões de tanques oxigenados e devolvidos ao Turvo em uma área sem contaminação. Os peixes mortos foram tirados do rio, pois as bactérias de decomposição podem causar doenças. A ação salvou muitos peixes, mas acredito na prevenção como o melhor remédio.

Por isso, protocolei projeto de lei que obriga todas as empresas responsáveis pelo armazenamento de açúcar no estado a construírem ‘dique de contenção’ – paredes de concreto capazes de conter todo o açúcar armazenado no local, em caso de derretimento por incêndio, não permitindo o seu derramamento para fora do armazém. Os desastres ocorridos em Santos e Santa Adélia poderiam ter sido evitados se os galpões tivessem diques de contenção. Além de danos à natureza, os incêndios causaram problema econômico gravíssimo a milhares de famílias de pescadores artesanais que sobrevivem apenas da pesca. Como essas famílias serão mantidas até a recuperação do meio ambiente, se houver tal restauração? Quantos anos isso pode levar?

Continuarei na busca por soluções para preservação do meio ambiente e na luta pelos pescadores. Agradeço a colaboração do coronel Milton Nomura, do coronel Rogério Xavier, do capitão Olivaldi Azevedo e toda a corporação da Polícia Ambiental, dos técnicos da Cetesb, os integrantes da Amertp, do superintendente do MPA de São Paulo, Marcos Alves, e todos os pescadores da colônia “Z27” e “Grandes Lados”. Conto com todos para continuarmos de mãos dadas para salvar a natureza. Ela clama por socorro.

*Sebastião Santos é deputado estadual pelo PRB São Paulo

Acesse: www.deputadosebastiaosantos.com.br

 

Fonte: Diário da Região S. J. Rio Preto

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