8 de março – Dia Internacional da Mulher

Para a deputada, a data deve ser lembrada como um dia que marca a posição de lutas e de conquistas das mulheres

Publicado em 7/3/2016 - 00:00 Atualizado em 5/6/2020 - 14:41

Nós somos maioria. Entre os 200 milhões de brasileiros, somamos 51,4% por cento. Vivemos bem mais que em 1980, quando a expectativa de vida era de 65 anos. Hoje, são 77. Temos menos filhos, hoje a média é de dois por mulher, enquanto que em 1980 eram 4. Ocupamos mais espaço no mercado de trabalho e somos as responsáveis pelo sustento de 37,3% das famílias.

Mas será que, de fato, temos muito a comemorar?

Hoje, estou deputada federal. Fui deputada estadual e vereadora mas antes, fui auxiliar de serviços gerais, técnica em enfermagem e vendedora ambulante. E tive que deixar para trás o sonho de ser médica. Deixei porque, sobretudo, era mulher. O sonho ficava cada vez mais distante diante das necessidades que eu tinha.

E hoje não é diferente para grande parte das mulheres. Guerreiras. Que precisam abrir mão de sonhos, todos os dias, para ir à luta. Para levar o sustento para casa. Para se auto afirmar. Para sobreviver. Porque o nosso espaço ainda não está conquistado.

Prova disso são os salários das mulheres que são, pelo menos, 30% menores que os dos homens. Para se ter uma ideia, neste quesito, o Brasil ocupa a 133ª posição no ranking dos 134 países analisados pelo índice Global de Desigualdade de Gênero.

São as agressões vividas, diariamente, por milhares de mulheres. São os preconceitos que nós sofremos, às vezes, de forma tão natural que passa despercebido. São as dificuldades cotidianas para se conquistar um mundo que ainda é deles.

Na política, travamos uma das grandes lutas da história pelo direito ao voto. E conquistamos! E, embora hoje sejamos maioria também entre os eleitores – quase 10 milhões a mais, nossa ocupação nos cargos eletivos não é expressiva. Está longe disso! No parlamento, aqui em Brasília, a bancada feminina na Câmara subiu de 45 para 51 deputadas nesta legislatura. Mas ainda somos menos de 10% das 513 cadeiras. No Senado, são 13 senadoras num universo de 81 representantes.

E não é isso que queremos. Na verdade, essa realidade está longe do que podemos. Porque podemos, sim, muito mais!

Nas eleições de 2014, aliás, aumentou a participação de mulheres que concorreram: foram 6.572 candidatas contra 5.056 em 2010. Ainda assim a proporção da participação feminina na política brasileira ficou abaixo dos 30% estipulado como mínimo pela legislação eleitoral.

Este ano, esse número vai crescer. E vai ser com a sua participação, republicana, você que atendeu ao chamado para ocupar um lugar que é seu, que é nosso! Que sacrifica sua vida em favor da carreira política. Assim como a nossa casa, a nossa família, a política precisa de nós, mulheres. Ninguém melhor do que nós para legislar ao nosso favor, para tratar dos temas que nos interessam, para defender nossos direitos, para promover uma mudança cultural. Para mudar os preconceitos arraigados na nossa cultura, que criam barreiras, muitas vezes, intransponíveis para um mundo de igualdade.

Neste Dia da Mulher, eu parabenizo a todas vocês, mulheres fortes, corajosas, brasileiras, que não desistem! Que fazem do mundo um lugar melhor, que começam dentro de casa a fazer história, quando educam seus filhos já com a preocupação de serem homens e mulheres de bem. Que transformam o mundo em sua volta.

Nós temos muito o que fazer. Nós temos muito o que avançar. E vamos sempre em frente. Juntas, somos mais fortes!

O Dia Internacional da Mulher não pode ser comemorado e lembrado só como aquela data em que recebemos flores, parabéns ou um cartão, mas um dia que marca a posição de lutas e de conquistas das mulheres.

A vocês, o meu forte e carinhoso abraço!

***Rosangela Gomes é deputada federal pelo PRB Rio de Janeiro e coordenadora nacional do PRB Mulher.

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