2018: o ano da renovação

Artigo escrito por Renato Junqueira, presidente da Fundação Republicana Brasileira (FRB)

Publicado em 17/12/2018 - 00:00 Atualizado em 5/6/2020 - 11:23

O tão esperado 2018 está indo embora a passos largos. Fomos embalados pela ansiedade de ver a seleção brasileira jogar na Copa do Mundo na Rússia e após isso, as eleições tornaram-se o evento mais importante para os rumos da Nação. Novas regras eleitorais foram incorporadas ao sistema político. Menos tempo de campanha para os candidatos apresentarem suas propostas e a extinção do financiamento privado de campanha testaram a capacidade de driblar as adversidades daqueles que lutavam para alcançar o poder. Hoje, após os resultados do primeiro e do segundo turno, é possível avaliar que perfis bem diferentes do quadro político tradicional chamaram mais a atenção do povo. A maioria dos eleitores brasileiros relevou que a palavra que resumiu a vitória tanto no Congresso como no Palácio do Planalto chama-se renovação.

O Senado Federal, que tinha como característica principal parlamentares experientes, também conhecido como a casa sênior do Congresso Nacional, surpreendeu muitos especialistas com a maior taxa de renovação histórica de 87%, assim, 46 dos 54 senadores eleitos são novatos, segundo o portal do Senado. Sabe-se ainda, que de cada quatro senadores que tentaram a reeleição em 2018, três não conseguiram. A eleição nessa casa expressou um ponto de reflexão aos detentores de mandatos. Em outras palavras, os eleitores manifestaram nas urnas que estão verdadeiramente cansados das propostas daqueles que estavam ali até o momento. E portanto, resolveram deixar o usual de lado e optaram por um projeto renovado.

Na Câmara dos Deputados a mudança não foi muito diferente, segundo os dados da Secretaria Geral da Mesa (SGM), o índice de renovação foi de 47,37%. É a maior renovação desde a Assembleia Constituinte, em 1986. Das 513 cadeiras disponíveis, 234 serão ocupadas por deputados de primeiro mandato. Caberá ao novo governo a tarefa de negociar com 30 partidos diferentes, dos quais se observa que as antigas e maiores agremiações só perderam sua influência. Por outro lado, partidos nanicos e menores ganharam espaço.

Fazendo uma análise geral dos resultados das eleições de 2018, é possível relatar que o eleitor brasileiro saiu deste processo um pouco mais crítico em relação o engajamento político das nossas lideranças do que no passado. A corrupção, os escândalos e a falta de comprometimento com a população parecem aspectos inegociáveis ao eleitor e o instrumento utilizado pelo cidadão para reivindicar uma política mais transparente foi o voto. De forma mais clara, é como se eleitor optasse por sangue novo na expectativa de que o político eleito entregue resultado efetivos, caso contrário não terá o mesmo apoio na próxima disputa. Inclusive, a FRB e outras instituições democráticas têm trabalhado intensamente para relembrar ao cidadão a importância do voto e conscientizá-lo que saber escolher o seu candidato pode influenciar e muito nos rumos do país.

Devemos ser realistas a ponto de compreender que a renovação é benéfica, mas também traz consigo grandes desafios, um deles é saber que caberá ao Congresso pouco experiente apreciar temas relevantes à população brasileira em 2019, como a Reforma da Previdência. Portanto, a renovação por si só não adianta. O cidadão deve se apoderar dessa arma preciosa que é o voto popular, mas ao mesmo tempo deve fiscalizar e acompanhar seus representantes. Que a nossa consciência política transcenda às urnas e que lutemos pela renovação do cidadão.

*Renato Junqueira é presidente da Fundação Republicana Brasileira (FRB)

 

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