O uso da tecnologia na educação

Artigo escrito pelo professor Valdir Pucci, diretor-geral da Faculdade Republicana

Publicado em 16/4/2021 - 10:10

Quando falamos ou ouvimos o termo tecnologia, a primeira imagem que nos vem à cabeça é futurista. Hoje a ciência e a chegada do 5G nos prometem um futuro em que a automação e a robótica farão parte de nosso dia a dia. Mas não podemos nos esquecer que os avanços tecnológicos estão presentes desde sempre na história da humanidade, sendo que a Revolução Industrial do séc. XIX é um destes exemplos e que hoje, a Revolução 4.0 é mais uma faceta desta dinâmica humana de constante transformação. Porém uma coisa nos chama a atenção, apesar do progresso cientifico e tecnológico que assistimos, uma coisa permaneceu quase imutável nestes últimos séculos: o processo de aprendizagem.

Quando falamos ou ouvimos os termos educação ou ensino, a primeira imagem que nos vem a cabeça é uma sala de aula, com um professor na frente, ditando conhecimento aos alunos. Estes sentados, copiando e preocupados se o que é dito pelo docente cairá na prova e em como “decorar” tudo aquilo. É justamente essa imagem que merece nossa atenção e deve ser modificada. Em um mundo tecnológico, como podemos manter um modelo de ensino criado e pouco modificado deste o século XIX? A resposta é clara: não podemos! A tecnologia deve ser inserida na educação e fazer parte do processo de ensino-aprendizagem.

Mas apesar de uma resposta simples, sua aplicação é muito complexa. Não basta inserir internet e computadores no ambiente escolar para falarmos em mudança de paradigma educacional. Um breve exemplo: em 2005 o governo federal lançou o programa “Um Computador por Aluno”. Em 2008 foram distribuídos 150 mil notebooks em mais de 300 escolas. Resultado? Nenhum, pois os ambientes escolares ou os lares dos estudantes não estavam preparados para seu uso, seja pela falta de infraestrutura ou, pior, pela falta de metodologia de ensino que integrasse a tecnologia na prática educacional. E podemos ir além, para alguns o uso da tecnologia na educação só deveria ocorrer no ensino a distância e não no presencial pois as TICs (Tecnologias da Informação e Comunicação) seriam uma preocupação apenas do “ensino EaD”.

Este é o maior desafio da tecnologia na educação. Como inserir inovação nas práticas pedagógicas, em todos os níveis educacionais e em todas as modalidades? Não podemos mais ficar presos a ideia errônea de que as TICs não fazem parte do contexto da educação, sob o risco de criarmos profissionais não preparados para o mercado do futuro. As escolas e faculdades devem encontrar e desenvolver metodologias educacionais próprias deste novo contexto social. E não basta ficar preso ao conceito, que chamo, de “velho EaD” onde o uso da tecnologia se resume a distribuir apostilas ou PDFs aos alunos para leitura/”decoreba” e depois pedir que respondão algum tipo de teste.  A tecnologia, neste processo, era entendida apenas como o meio (PC e internet) e não como instrumento de ensino. E encontramos o ponto central desta discussão. As TICs devem ser vistas como parte integrante do ensino-aprendizagem, percorrendo todo o desenvolvimento do aluno, em especial ensinando-o a usar a tecnologia para a solução de problemas. Este deve ser o novo paradigma do uso das TICs na educação: ensinar como usar a tecnologia no desenvolvimento pessoal e profissional, criando cidadãos e profissionais do século XXI.

Valdir Pucci é diretor-geral da Faculdade Republicana

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