Vereadora defende regulamentação da arte do grafite em Salvador

Ireuda Silva (Republicanos) quer aprofundar o debate com os grafiteiros, ouvindo-os, para então apresentar projeto

Publicado em 27/8/2019 - 00:00 Atualizado em 30/6/2020 - 20:48

Salvador (BA) – A vereadora Ireuda Silva (Republicanos) retirou da pauta da Câmara Municipal de Salvador (CMS) um de seus principais projetos, protocolado no início do mandato: o que regulamenta a arte do grafite em espaços públicos da capital baiana. O objetivo é aprofundar o debate com os grafiteiros, ouvindo-os, para então alterar a matéria com base em seus anseios, necessidades e demandas.

Inicialmente, a ideia é estabelecer regras para a realização de pinturas de grafite em viadutos, pontes, passarelas, muros e outros equipamentos públicos do município, deixando clara a diferenciação entre arte e pichação. “A diferença é colossal, mas grande parte das pessoas confunde, o que marginaliza ainda mais uma expressão artística que é própria das ruas e tem relações profundas com a periferia, transmitindo questionamentos e contestações sociais de uma parcela oprimida da sociedade”, destaca Ireuda.

“Em recente reunião com um grupo de grafiteiros, no Pelourinho, me comoveu a fala de um deles: que muitas das pessoas que posam para fotos em suas obras, são as mesmas discriminá-los quando os veem grafitando. É justamente essa hipocrisia e essa confusão que precisamos atacar, e para isso o poder público precisa ouvir os grafiteiros e regulamentar da forma mais justa e coerente possível”, acrescenta a republicana.

Presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher e vice-presidente do colegiado de Reparação, Ireuda Silva tem o mandato baseado, entre outras coisas, na luta contra discriminação. Com sua experiência de mulher e negra, e sua vivência na periferia de Salvador, a republicana avalia que um dos motivos pelos quais o grafite é discriminado é justamente o racismo. “O grafite é, além de outras coisas, uma forma que negros e pobres encontraram para reivindicar seu espaço na sociedade, fazendo as outras pessoas e o poder público se lembrarem de sua existência e importância. A expressividade das pinturas é sempre reveladora”, pontua a parlamentar.

A vereadora ressalta ainda que é contra a ideia de se apagar os grafites já realizados em espaços públicos, como ocorreu na cidade de São Paulo. Segundo ela, atitudes como essa demonstram a confusão que se faz entre arte e pichação e reforçam várias formas de preconceito.

Texto e foto: Ascom – vereadora Ireuda Silva

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