Mobilidade urbana: “os desafios do presente, os caminhos do futuro”

Artigo escrito por Devanir Ferreira, vereador em Vitória (ES) e presidente do PRB Espírito Santo

Publicado em 13/4/2016 - 00:00 Atualizado em 5/6/2020 - 14:28

A mobilidade urbana se apresenta como um dos principais desafios das grandes metrópoles no Brasil e no mundo. O deslocamento de pessoas em direção aos grandes centros em busca de serviços de qualidade, empregos e oportunidades de negócios contribuem para a concentração populacional nas grandes capitais e regiões metropolitanas.

No Brasil, as condições de mobilidade urbana das cidades não são boas, e Vitória não foge à regra. Existem muitos congestionamentos, oferta insuficiente de ônibus, ônibus cheios nos horários de saída e chegada de trabalho… Nossas calçadas são estreitas, esburacadas, sem sombra, sem verde. Também não podemos nos esquecer dos obstáculos para andar: lixeiras mal colocadas, carros estacionados, degraus, falta de rampas para cadeirantes. Mal cabe o pedestre!

Outrossim, lembremos do impacto produzido no meio ambiente: poluição do ar, gasto de energia e agressão ao ambiente natural pela expansão descontrolada das cidades.

Isso tem acontecido porque, há muito tempo, nossas cidades crescem sem que exista uma política de mobilidade urbana que pense no interesse dos cidadãos e não privilegie apenas o transporte individual, o automóvel. (No final de 2012 a frota de veículos na região metropolitana, era de cerca de 535.000 veículos, número que no ano de 2018 pode chegar a 1,1 milhão de veículos, significando um aumento de pouco mais de 100% segundo dados fornecidos pelo Detran).

Para criar uma política de mobilidade urbana eficiente, devemos pensar nos diferentes meios de transporte. Isto é, no carro, motocicleta, ônibus, trem, metrô, táxi, bicicleta, além do pedestre, entre outros. Ter uma política de mobilidade urbana significa ter um conjunto de princípios e diretrizes que orientem as ações públicas de mobilidade urbana e as reivindicações da população. Trata-se, por exemplo, de pensar e propor como será o deslocamento de pessoas e bens na cidade.

Quando não existe uma política de mobilidade urbana, ou quando ela não funciona bem, as pessoas deslocam-se como podem. Cada um busca a solução individual de seu problema, sem que exista um planejamento público eficiente. Isso não é bom, pois acaba atendendo aos interesses de poucos, normalmente, de quem tem mais recursos, e esquecendo-se da maioria que sofre com as dificuldades de locomoção na cidade.

A questão é intermunicipal e afeta moradores de Cariacica, Vila Velha, Serra e Vitória. Os gargalos no trânsito se encontram próximos às divisas entre os quatro municípios e prejudicam todo o sistema de acesso à região central da capital, que acaba recebendo um fluxo de veículos três vezes maior que sua frota. Os engarrafamentos, então, se estendem além de seus limites. Só de Cariacica e de Vila Velha, vindos da segunda ponte, passam cerca de 42 mil veículos por dia em Vitória, e pela terceira ponte atravessam, diariamente, cerca de 75 mil veículos.

Diante do exposto fica a pergunta: o retorno do sistema de transporte aquaviário, pode ser a solução?

 

* Devanir Ferreira é vereador em Vitória (ES) e presidente do PRB Espírito Santo

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