Água: um bem precioso

Artigo escrito por Aildo Rodrigues, presidente municipal do PRB São Paulo.

Publicado em 22/4/2014 - 00:00 Atualizado em 5/6/2020 - 19:02

Quando comento sobre minha formação de geógrafo alguns ainda se surpreendem. Entretanto, esta é uma das minhas especializações e sempre me encontro, em um almoço ou em uma conversa informal, falando sobre o tema, sobre a formação das nuvens, da chuva, das rochas.

Com a ameaça iminente do racionamento de água na Grande São Paulo, porém, o assunto ganhou viés político e anda mais presente nas rodas de bate-papo. A drástica falta de chuva neste verão escaldante comprometeu nosso abastecimento de água, secou o Sistema Canteira e tornou-se um problema latente.

De fato, este foi o verão mais quente dos últimos 71 anos, segundo dados do Instituto Nacional de Meteorologia. E este é apenas o primeiro recorde. Em seguida, veio o recorde histórico de consumo de energia, que resultaram em baixíssimos níveis nos reservatórios. Assim, a água que pode faltar nas torneiras, também ameaça nosso fornecimento de energia.

Em São Paulo, a campanha pela redução do consumo de água que compensava os poupadores com até 30% de desconto na conta de água, até deu certo, mas não foi suficiente. Os níveis dos reservatórios continuaram baixos. A tentativa foi válida, porém, mais uma vez o bolso falou mais alto do que a consciência. A população continuou a ‘varrer’ calçadas com mangueira e passar muito mais tempo que o necessário embaixo do chuveiro.

Minha opinião é que o racionamento de água já deveria ter começado há cerca de um mês, porque corremos o sério risco de desabastecimento nos próximos meses. Parece drástico? Polêmico? Talvez, mas meu posicionamento é temerário quanto a atitudes mais drásticas no futuro como, por exemplo, um possível corte total do abastecimento da água para a população.

Assim, se houvesse desde já um racionamento bem planejado – como a diminuição da pressão da água em horários que não prejudicasse nossas rotinas – teríamos uma atitude mais prudente por parte das autoridades competentes, haja vista que não há expectativa de chuva regular e volumosa entre os meses de maio e setembro.

O que precisamos entender é que a chuva que faltou no verão, não será recuperada nas próximas estações do ano e o prejuízo causado por esta falta não será plenamente revertido. As chuvas diminuem naturalmente com a entrada do outono e voltarão a intensificar apenas em novembro, quando se aproxima o verão.

A questão é complexa e tende a ser solucionado apenas com grandes obras de infraestrutura e ampliação da capacidade existente, o que poderia levar até anos de investimentos.

As chuvas seguirão seu percurso natural e, no próximo verão, devem voltar sua intensidade normal. Entretanto, até voltar a sua normalidade ficam algumas questões: Será possível chegar a um equilíbrio entre oferta e demanda do consumo? Até quando vamos conseguir lidar com a falta que a chuva fez neste verão? Até quando os reservatórios vão suportar nossa demanda exaustiva?

Sugiro então que antes de culpar a mãe natureza por não enviar chuva suficiente, façamos nossa parte e economizemos o máximo possível deste bem precioso: a água.

*Aildo Rodrigues é o Presidente Municipal do PRB São Paulo

E-mail: aildo.rodrigues.ferreira@gmail.com

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