Mulheres são responsáveis pelo sustento de mais de 50% dos domicílios em dez estados brasileiros
Publicado em 6/11/2024 - 13:29
Brasília (DF) – O Censo Demográfico 2022, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revela que as mulheres são responsáveis pelo sustento de mais de 50% dos domicílios em dez estados brasileiros. Aqueles com maior proporção de lares chefiados por mulheres são: Pernambuco (53,9%), Sergipe (53,1%), Maranhão (53,0%), Amapá (52,9%), Ceará (52,6%), Rio de Janeiro (52,3%), Alagoas (51,7%), Paraíba (51,7%), Bahia (51,0%) e Piauí (50,4%). Destaca-se que o Rio de Janeiro é o único estado fora das regiões Norte e Nordeste a apresentar esse índice.
Em âmbito nacional, o Brasil registrou um aumento significativo no número de unidades domésticas, passando de 57 milhões, em 2010, para 72 milhões, em 2022. Dessas, 35,9% têm um único responsável, sendo 50,9% homens e 49,1% mulheres. Essa mudança reflete uma tendência crescente de mulheres assumindo a liderança financeira de seus lares.
Para a vereadora Ireuda Silva, de Salvador (BA), é preciso “garantir mais equidade e apoio a essas mulheres chefes de família. É essencial adotar uma série de medidas que vão desde políticas públicas, a mudanças estruturais no mercado de trabalho”.
A vereadora republicana enfatiza a importância de fortalecer políticas de valorização salarial, combatendo a discriminação direta e indireta, que ainda persiste nas empresas. Além disso, destaca a necessidade de programas de capacitação profissional, voltados especificamente para mulheres negras e de baixa renda. Em Salvador, por exemplo, ela idealizou o “Simm Mulher”, que, implementado pela Prefeitura, já capacitou e encaminhou milhares de mulheres ao mercado de trabalho.
“É necessário que o Estado amplie o acesso a creches e políticas de suporte familiar, facilitando o equilíbrio entre a vida profissional e as responsabilidades domésticas, que ainda recaem majoritariamente sobre as mulheres”, afirma.
Outra medida indispensável, segundo Ireuda, é a promoção da inclusão de mulheres em áreas tradicionalmente masculinas, como tecnologia e engenharia, além de espaços de decisão na iniciativa privada e no setor público. “Essa inserção e mobilidade são fundamentais para ampliar o leque de possibilidades para as mulheres, sobretudo as mulheres negras, tornando a sociedade mais democrática e menos desigual”, avalia.
Desigualdade salarial
Apesar do avanço da liderança feminina nos lares, a desigualdade salarial persiste. O 1º Relatório de Transparência Salarial e de Critérios Remuneratórios, divulgado em março deste ano, pelos Ministérios do Trabalho e Emprego e das Mulheres, aponta que as mulheres recebem, em média, 19,4% a menos que os homens. Em cargos de direção e gerência, essa diferença chega a 25,2%. Além disso, o relatório destaca que o salário mediano de contratação das mulheres negras corresponde a 82% da média, enquanto o dos homens não negros é 19% superior à média.
Tânia Teixeira, secretária do Mulheres Republicanas no Distrito Federal, analisa os fatores que levam tantas mulheres a estarem à frente dos lares. “Acredito que esse movimento faz parte do processo de empoderamento feminino, que cada dia tem crescido entre as mulheres, tornando-as menos vulneráveis socialmente. É, também, um reflexo da posição de independência que elas querem”.
Ela observa que as mulheres têm ocupado espaços cada vez maiores no mercado de trabalho, alcançando remunerações melhores, apesar da desigualdade salarial ainda existir. Segundo a republicana, esse crescimento reflete o desejo da mulher de não mais ocupar o lugar de “coitadinha” e de assumir totalmente o sustento de seus lares ou contribuir com boa parte dele.
Por Ascom – Mulheres Republicanas Nacional