94 anos do voto feminino: Mulheres Republicanas reforça avanços e desafios a serem superados

Apesar das conquistas ao longo das décadas, a presença feminina nos espaços de poder ainda está aquém do desejado

Publicado em 4/11/2024 - 12:44

Brasília (DF) – Nesse domingo, dia 3 de novembro, o Brasil celebrou os 94 anos da conquista do direito ao voto feminino, um marco fundamental pela igualdade de gênero e inclusão feminina na política. Instituído em 1930, esse direito promoveu uma transformação no cenário político, ao incluir mulheres, que, até então, eram excluídas das decisões nesse âmbito.

Esse primeiro passo, oficializado na Constituição de 1934, tornou o voto feminino um direito reconhecido, embora facultativo. Apenas em 1965, o voto feminino tornou-se obrigatório, igualando-se ao masculino e consolidando um avanço histórico. A senadora Damares Alves (Republicanos-DF), secretária nacional do Mulheres Republicanas, reforça a importância de comemorar a data: “Precisamos comemorar esse marco, que nos abriu portas para sermos, atualmente, a maioria do eleitorado brasileiro – mais de 52% – e termos mais mulheres eleitas. Mas precisamos avançar e ampliarmos as vozes femininas nos espaços de poder e decisão da vida pública, fazendo a diferença com a sensibilidade e capacidade singular que temos. Vamos adiante, assegurar novas conquistas”.

Para a deputada estadual Tia Ju (Republicanos-RJ), secretária nacional adjunta do Mulheres Republicanas: “A conquista do direito ao voto feminino, há 94 anos, marcou uma verdadeira revolução na sociedade brasileira. Representou o primeiro passo em direção à participação ativa das mulheres nas decisões políticas do país e um reconhecimento do papel essencial que exercemos em todas as esferas”.

A deputada federal Franciane Bayer (Republicanos-RS), secretária estadual do Mulheres Republicanas no Rio Grande do Sul, destaca a importância histórica da data e ressalta o atraso de quatro séculos para que as mulheres conquistassem o direito ao voto: “Para mim, significa muito, mesmo sendo uma recente inserção da mulher na política. Homens votam desde 1532 no Brasil, quando a primeira vila fundada na colônia portuguesa – São Vicente, em São Paulo – elegeu o Conselho Municipal”. Apesar dessa conquista, Franciane reforça que “possuir o direito de votar não significa que, automaticamente, as mulheres estão ocupando espaço na política; não dá por si só a representatividade feminina. É preciso que nós lutemos por mais espaços. Faz parte do ser mulher na política ainda no país, infelizmente”.

A deputada estadual Tayla Peres (Republicanos-RR) também ressalta o simbolismo desse momento: “Os 94 anos do direito ao voto feminino marcam um passo fundamental na luta pela igualdade de gênero. Esse momento não representa apenas a possibilidade de votar, mas simboliza uma transformação social profunda. É um lembrete de que a participação política é essencial para construir uma sociedade mais justa e representativa.”

Eleições 2024

Apesar das conquistas ao longo das décadas, a presença feminina nos espaços de poder ainda está aquém do desejado. Dados das eleições de 2024 mostram que, embora representem mais de 52% do eleitorado brasileiro, as mulheres ainda são sub-representadas em cargos eletivos. Das 15 capitais com disputas em segundo turno, apenas duas prefeitas foram eleitas entre oito candidatas que chegaram à fase final. Em nível nacional, 14,7% das candidaturas do segundo turno eram femininas.

O avanço, embora lento, é notável. Nas eleições de 2024, 18% dos eleitos para as prefeituras são mulheres, uma ligeira melhora em comparação com os 16% de 2020. Nas câmaras municipais, as mulheres também aumentaram sua representatividade, passando de 16,13% das cadeiras em 2020, para 18,24% neste ano. A deputada Tayla Peres reforça a importância de apoiar essas conquistas e construir novas bases para o futuro: “Vamos usar essa data como um impulso para avançarmos ainda mais na luta por direitos e pela construção de um futuro onde todas as vozes sejam ouvidas”.

A atuação de movimentos como o Mulheres Republicanas tem sido decisiva para impulsionar essa mudança. A deputada Tia Ju destaca o papel essencial do grupo, que trabalha incansavelmente para promover o engajamento de mulheres na política, oferecendo capacitação, apoio e redes de solidariedade. “Nosso trabalho vai muito além do incentivo; oferecemos capacitação, apoio e a construção de redes de solidariedade entre as mulheres,” afirma Tia Ju. “Cada candidata que apoiamos representa uma voz única em defesa das pautas femininas que, por muito tempo, não tiveram representação suficiente”, conclui.

Franciane Bayer, refletindo sobre o papel do Mulheres Republicanas, ressalta que “é preciso que as mulheres sejam estimuladas a participarem da vida político-partidária, assim como é preciso que sejam alçadas a postos de liderança nas esferas de poder, sob pena de não aumentar a representação feminina na política”. Ela enfatiza que o movimento não vê as mulheres apenas como uma necessidade para preencher cotas, mas como líderes que precisam ser encorajadas e apoiadas para disputar eleições.

Ainda assim, a jornada tem muitos desafios. Para que o número de mulheres eleitas reflita o percentual de eleitoras brasileiras, é necessário superar barreiras culturais e estruturais. “Precisamos promover uma mudança cultural que valorize e reconheça o papel das mulheres na política, combatendo preconceitos e criando um ambiente mais acolhedor,” afirma Tayla Peres. Franciane Bayer também chama a atenção para o impacto do machismo no ambiente político, onde muitas mulheres ainda enfrentam resistência para participar de comissões e debates fora dos tradicionais temas de saúde e direitos humanos. “Por acaso os espaços de fala não são de todos os eleitos? Uma mulher não pode estar em conversas sobre finanças, segurança ou constituição?”, questiona.

A celebração deste 3 de novembro é, portanto, um momento para reconhecer o quanto já foi conquistado e refletir sobre os desafios que persistem. “Esse direito, que muitas vezes nos parece tão natural, é um símbolo das lutas enfrentadas por gerações de mulheres para que hoje possamos não apenas votar, mas também nos candidatar, representar e governar com o objetivo de construir um Brasil mais justo e igualitário”, relembra Tia Ju.

Ascom Mulheres Republicanas Nacional
Foto: Divulgação 

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