Apagão no Amapá alerta para a necessidade de modernizar setor elétrico no Norte

Instauração de CPI deve investigar o serviço prestado na região, que é caro e de péssima qualidade

Publicado em 25/11/2020 - 19:28

Um total de 22 dias de apagão abateu o estado do Amapá afetando centenas de milhares de pessoas. Como se enfrentar uma pandemia não fosse por si só um desafio imensurável, durante três semanas, os amapaenses foram prejudicados por uma série de problemas decorrentes da falta de energia, que repercutiu no fornecimento de água, de alimentos e de comunicações.

À mercê de rodízios ineficientes, famílias inteiras passaram por longos períodos no escuro porque até as velas se esgotaram rapidamente dos comércios. Alimentos que, por falta de refrigeração, estragaram, serviços essenciais, como caixas eletrônicos e máquinas de cartão de crédito, paralisaram, e até mesmo os hospitais, em plena segunda onda de contaminação pela Covid-19, tiveram seus atendimentos prejudicados. Além disso, as eleições municipais em Macapá foram adiadas e os postos de gasolina só funcionavam se tivessem gerador de energia particular.

E não é só o estado do Amapá que sofre com um sistema vulnerável, cheio de falhas e de irregularidades. Roraima, por exemplo, é o único estado brasileiro que não está ligado ao sistema nacional de abastecimento de energia elétrica e depende do fornecimento da Estação de Guri, na Venezuela. O país, que vive uma grande crise, entrega menos energia do que precisamos e isso vem causando uma instabilidade no sistema e constantes faltas de luz. Como roraimense posso afirmar: hoje, o serviço prestado é caro e de péssima qualidade.

As obras que resolveriam o enorme transtorno estão paralisadas. Isso mesmo, paralisadas. A integração de Roraima na cadeia energética nacional, por meio do Linhão de Tucuruí é uma esperança aos mais de 600 mil moradores do estado. Mas o linhão deve percorrer cerca de 123 quilômetros de território indígena e autorização ainda não foi concedida. Precisamos de uma solução urgente, nem que seja de alteração no projeto, pois corremos sérios riscos de novos apagões.

Os culpados da crise no Amapá têm de ser punidos e, além disso, precisamos levar ao conhecimento de todo o Brasil a situação energética do Norte. Estamos falando de um problema que afetou gravemente a vida de 765 mil pessoas no Amapá e que prejudica mais 600 mil pessoas em Roraima, sem contar ainda outros estados. Por isso, eu e a deputada Aline Gurgel estamos colhendo assinaturas para instaurar a CPI do Apagão.

Como parlamentares, nossa função é buscar explicações, exigir respostas e, sobretudo, planejamento. Que sejam estabelecidas fiscalizações regulares, manutenções e aperfeiçoamentos dos serviços.

Deputado Jhonatan de Jesus
Líder do Republicanos na Câmara

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