O silêncio que mata

Artigo escrito por Ossesio Silva, deputado estadual pelo PRB Pernambuco

Publicado em 27/9/2017 - 00:00 Atualizado em 5/6/2020 - 12:21

O Dia Mundial de Combate ao Suicídio foi instituído há 15 anos pela Associação Internacional de Prevenção do Suicídio (IASP – International Association for Suicide Prevention), apoiada pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Pela importância do tema no Brasil, o Centro de Valorização da Vida (CVV), o Conselho Federal de Medicina (CFM) e a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) endossaram a campanha em 2014. nesse período, foi idealizado o Setembro Amarelo, uma campanha com o objetivo de alertar e conscientizar a sociedade sobre essa realidade tão latente em nosso país e discutir medidas de prevenção ao suicídio.

O Brasil, infelizmente, ocupa o oitavo lugar em número de suicídios no mundo e é considerado um caso de saúde pública pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Estatísticas apontam que a cada 45 segundos ocorre um suicídio, e um milhão de mortes são registradas por ano. Lamentavelmente, é a segunda causa de morte entre jovens entre 15 e 29 anos, superando, inclusive, a morte por uso de drogas. Esses números têm se mantido sempre um pouco acima da população da faixa etária adulta, os jovens são as principais vítimas e o mais intrigante é saber que 90% dos casos poderiam ser evitados.

Segundo especialistas, o problema é normalmente associado a fatores como: violência sexual e doméstica, drogas, álcool e outros. Ou seja, uma série de problemas sociais, onde o alvo principal são os jovens. Além das dores emocionais como a solidão, depressão, medo e culpa, várias circunstâncias da vida levam muitos jovens a perderam a esperança e a vontade de viver, mas um grande problema impede que cheguemos a esse jovens: o silêncio.

O silêncio sobre o suicídio leva a desinformação sobre suas causas e cria barreiras para encontrar formas de combatê-lo. Em uma das melhores fases da vida, das descobertas, das alegrias e amizades, se reverte em angústia, tristeza e, consequentemente, em morte. Percebemos que nossos jovens estão adoecendo mentalmente, submersos em um abismo de sofrimento imenso e a única solução que esses jovens encontram é tirar a própria. O suicídio é uma prática que não pune apenas o suicida mas, destrói centenas de famílias. E tem crescido cada vez mais em nosso país. É um problema que precisa ser encarado com seriedade, sendo necessário e urgente encontrar forma para o diálogo com essa juventude.

Portanto, é necessário quebrar o tabu envolto a esse tema, para que esse silêncio trágico venha se transformar em informação, já que se trata de um problema complexo e extremamente delicado. As campanhas são importantíssimas, mas é necessário ir além do Setembro Amarelo, e promover a cada dia espaços para debates e, constantemente, alertar a população sobre a importância da discussão dessa triste realidade. Por isso, ações de valorização da vida e de prevenção são muito importantes. Precisamos cuidar mais da nossa juventude, pois o nosso país depende da força dos nossos jovens, cuidar dos jovens é cuidar do futuro, cuidar dos jovens é cuidar do Brasil.

*Ossesio Silva é deputado estadual pelo PRB em Pernambuco

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