Discriminação

Artigo escrito por Carlos Geraldo, presidente estadual do PRB Pernambuco.

Publicado em 4/12/2014 - 00:00 Atualizado em 5/6/2020 - 18:39

O escritor Lima Barreto, um dos grandes nomes da literatura brasileira, imortalizou, através de suas obras, a repulsa ao preconceito étnico e social. Barreto narra em seus textos a reprodução e aceitação da sociedade em perpetuar raízes patriarcais e claramente discriminatórias. É indiscutível sua contribuição para o romance brasileiro, pois o que acontece nos dias de hoje é tão real quanto outrora.

Em um primeiro momento, podemos apontar os grupos de minorias: índios e negros, que carregam em sua história raízes escravocratas e duramente repressoras. A escravidão foi a instituição econômica e política mais longa da história brasileira, visto que milhões de índios e negros foram tratados em condições subumanas durante anos no Brasil. E por conseguinte, as mulheres, desde o Estado brasileiro, tiveram papel exclusivo: reprodutoras e donas de casa. Talvez este último grupo tenha sido o grupo que mais sofreu dentro dessa estrutura de exclusão social, pois se considerarmos todos os anos da História, veremos que as mulheres foram marginalizas por nossa sociedade machista e ocidental.

Depois, mais especificamente da Constituição de 1988, esses grupos passaram a ter isonomia perante a Lei. Negros, índios e mulheres começaram  a ocupar lugares jamais ocupados desde a colonização. Em contrapartida, mesmo perante uma Constituição que prescreve por todos, esses direitos se encontram apenas no papel, dado que todos os grupos considerados diferentes ainda são postos de lado pelo sistema. Aquilo que Lima Barreto desejava ver esquecido: ‘’ O quarto do despejo social’’. Nas escolas, nas universidades e mais atualmente nas redes sociais, esses mesmos grupos são duramente discriminados.

Dessa maneira, os homens mais ‘’avançados’’ de todos os tempos, insistem em arrastar costumes e comportamentos para as gerações futuras, excluindo e até exterminando (como é o caso das populações indígenas) aqueles que são a estrutura e a base de nossa história, separando o ambiente social entre brancos, índios e negros, homens e mulheres, pobres e ricos, uma vez que os direitos políticos e civis parecem ser dados só àqueles que compartilham de determinada posição social e são brancos do sexo masculino. De acordo com o Instituto Ethus e o Ibope Inteligência, estes grupos lideram a ocupação dos mais altos escalões do poder.

O líder sul-africano Nelson Mandela provou que a convivência pacífica entre os contrários é possível. Contudo, é preciso aprender com o passado de modo que se tenha uma maior compreensão do presente, tendo em vista que o respeito e o discernimento para mudar o que há de errado no momento atual é o começo do fim de tanta injustiça. Dessa forma, é possível construir um novo tempo para desfrutarmos de uma sociedade mais justa e igual como sonhou o escritor Lima Barreto.

*Carlos Geraldo é presidente estadual do PRB Pernambuco

 

Reportar Erro
Send this to a friend