A gente quer radar, saúde e segurança…

Gilmaci Santos destaca a necessidade da Prefeitura de São Paulo também investir em educação, saúde, segurança e infraestrutura

Publicado em 16/2/2016 - 00:00 Atualizado em 5/6/2020 - 14:45

Parafraseando a música “Comida”, da banda brasileira Titãs: “A gente não quer só radar, a gente quer radar, saúde e segurança”. Parece-me mesmo que isso é o que os paulistas precisam, não só de mais radares. Apenas no primeiro semestre de 2015, foram registradas 12,1 milhões de multas na cidade de São Paulo. Além disso, só durante o carnaval, na região do Vale do Paraíba, ocorreu um aumento de 130% em multas.

Mas não poderia ser diferente, as cidades têm investido em equipamentos tecnológicos e em pessoal capacitado para multar motoristas infratores. Há algo de errado nesse tipo de investimento? Não, os infratores devem ser punidos, mas existem áreas que necessitam de mais investimentos, como, por exemplo, a saúde.

É muito raro conhecer um motorista que nunca foi multado na capital paulista, e isso tem ocorrido com mais frequência nos últimos anos, com a intensificação da fiscalização. Muitos cidadãos idôneos e que nunca foram multados receberam multas ou até mesmo perderam a carta nos últimos meses. Aumentar a fiscalização não é algo ruim, pelo contrário, mas a tecnologia importada para ser utilizada nos radares poderia ser também utilizada na saúde e na segurança pública.

No ano passado, o município de São Leopoldo, no Rio Grande do Sul, começou a utilizar um equipamento muito útil para a população e que poderia ser utilizado por aqui também. O aparelho que parece um radar móvel lê a placa e, em seis segundos, identifica carros roubados ou irregulares, isso é feito por meio de uma consulta ao banco de dados do Detran. Após a análise da placa e, se houver ocorrências relativas ao automóvel, um alerta é emitido. Neste caso, o local do monitoramento diário não é informado previamente. Tenho certeza que o uso desses “radares inteligentes” agradaria a população que utiliza diariamente as vias da cidade.

São Paulo poderia investir, a exemplo de São Leopoldo, em equipamentos na área de segurança, com um sistema interligado com a polícia. A população que critica o que costumam chamar de a “indústria da multa” não questiona a aplicação da lei, mas a falta de investimentos em infraestrutura e segurança.

A reflexão é simples: se aumentam a arrecadação, por que não vemos melhorias nas vias e na segurança? Na verdade essa “indústria da multa” criou outra indústria, aquela composta por empresas que prestam serviço de representação e consultoria na pontuação de motoristas que tiveram a sua CNH suspensa ou cassada.

Em 2015, a Prefeitura de São Paulo arrecadou R$ 964 milhões com multas de trânsito, 7,2% mais que os R$ 899 milhões arrecadados em 2014. Atualmente, São Paulo possui quase 900 radares. Em 2014, a prefeitura gastou R$ 530 milhões em novos equipamentos.

Mas não seria preciso utilizar dados estatísticos, pois quem vive ou trabalha em São Paulo sabe que a infraestrutura, a saúde e a segurança continuam uma lástima. As ruas estão esburacadas e recebem, no máximo, a operação Tapa Buraco, que não resolve o problema, já que falta segurança para a população; a saúde pública é terrível, os hospitais estão lotados e não possuem médicos e nem estrutura para atender a população.

As prefeituras poderiam investir esse dinheiro em campanhas emergenciais, como as de combate ao Aedes aegypti e às doenças transmitidas pelo mosquito, que são questões emergenciais e que atingem milhares de pessoas.

 

*Gilmaci Santos é deputado estadual pelo PRB São Paulo

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