A família e o abuso sexual infantil

Artigo escrito por Roberto Alves, deputado federal pelo PRB São Paulo

Publicado em 18/5/2019 - 00:00 Atualizado em 5/6/2020 - 10:45

O Brasil precisa estar atento ao que está acontecendo com as famílias brasileiras. Esta semana, na Câmara dos Deputados, a ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, chamou a atenção de todos para um dado alarmante: mais de 70% dos crimes de abuso sexual contra crianças e adolescentes, registrados pelo Disque 100 nos últimos meses, foram cometidos na casa das vítimas, no ambiente familiar. E que pais, mães e padrastos foram os maiores violentadores.

Essas afirmações, baseadas em um levantamento do Disque 100, derruba um dos mitos do abuso sexual infantil, de que o perigo estaria nas ruas. Errado. Milhares de crianças e adolescentes são vítimas de violência sexual no lugar que deveria ser o mais seguro do mundo e por pessoas que deveriam ser seus super-heróis. O que está acontecendo com as famílias? O que homens e mulheres estão fazendo com as famílias que constituíram?

No aspecto religioso, a família é a base mais importante da sociedade, uma instituição criada por Deus, sendo de extrema importância. A Bíblia nos ensina a guardar, zelar e garantir os valores e princípios determinados para a nossa família .No aspecto legal, ela está estabelecida na Constituição Federal e no Estatuto da Criança e do Adolescente, as quais destacam o dever da família de assegurar à criança e ao adolescente, em suma, o direito à vida plena e à dignidade.

A família é o pilar sobre o qual se sustenta o desenvolvimento saudável de um indivíduo. Ter uma família é um direito legítimo e fundamental da infância. Por meio dela, a criança aprende os princípios básicos de convivência e habilidades para desenvolver seus potenciais como indivíduo e enfrentar a vida de adulto na sociedade. A família só é um porto seguro para uma criança quando existe segurança, confiança, respeito e acima de tudo, amor. Quando o monstro do abuso sexual infantil invade o lar, essas virtudes dão lugar ao medo, à tristeza, à vergonha e à raiva.

Há pais que, à luz do dia, tratam os filhos com carinho, mas ao cair da noite se transformam em verdadeiros monstros e fazem deles reféns e objetos. Meus amigos, como iremos mudar o nosso país se estamos fechando os olhos para a família? O abuso sexual não pode se estabelecer no seio familiar. O poder público, junto com as instituições sociais, ONG’s e igrejas, precisa implementar campanhas de apoio à família.

Precisamos dizer à população brasileira o quanto é importante proteger as crianças, garantir-lhes não só a educação e o alimento, mas o respeito, a segurança e o amor, para que ela se torne uma pessoa adulta feliz, que certamente irá proteger seu filho da mesma forma como foi protegida.

Como presidente da Frente Parlamentar Contra o Abuso e a Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, firmei um compromisso com a ministra Damares de juntos desenvolvermos políticas públicas de fortalecimento da família. Para reduzirmos o avanço do abuso sexual infantil, a nossa urgência é atuar no lugar de maior incidência, que é, lamentavelmente, nas famílias. Juntos, venceremos essa luta.

Roberto Alves é deputado federal pelo PRB São Paulo

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